Pence recusa apoiar Trump em 2024 e diz que os republicanos “vão ter melhores opções”

Ex-vice-presidente dos EUA prepara-se para revelar se também será candidato à eleição presidencial de 2024, mas já decidiu que não apoiará Trump se os eleitores republicanos o nomearem.

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Mike Pence com Donald Trump, em 2019 EPA/MICHAEL REYNOLDS

O anterior vice-presidente dos Estados Unidos, o republicano Mike Pence, indicou que não irá apoiar Donald Trump na eleição presidencial de 2024 se o ex-Presidente norte-americano vencer as eleições primárias do Partido Republicano.

“Acho que vamos ter opções melhores, e eu confio nas escolhas dos eleitores republicanos”, disse Pence numa entrevista ao canal CBS, na quarta-feira, quando questionado sobre o que fará na eventualidade de Trump voltar a ser o candidato republicano à Casa Branca.

“Estou muito orgulhoso dos sucessos da Administração Trump/Pence”, salientou o anterior vice-presidente dos EUA, antes de afirmar que, na sua opinião, nenhum outro republicano teria derrotado a candidata do Partido Democrata, Hillary Clinton, na eleição de 2016. “Mas também acho que as situações são diferentes, e agora é preciso um outro tipo de liderança.”

Perante uma segunda oportunidade para esclarecer a sua posição, Pence voltou a dizer que o Partido Republicano “terá melhores opções em 2024” e mostrou-se confiante na vitória do candidato republicano na eleição geral, em Novembro de 2024.

Quanto ao seu papel na próxima corrida à Casa Branca, o antigo governador do Indiana disse que tomará uma decisão “até à Primavera”, confirmando que está a discutir com a sua mulher, Karen Pence, a possibilidade de se candidatar nas eleições primárias.

Segundo vários depoimentos de antigos funcionários da Casa Branca — feitos sob juramento, no âmbito das investigações da Câmara dos Representantes sobre a invasão do Capitólio —, Trump terá dito que Pence merecia ser enforcado por se ter recusado a travar a certificação da eleição de Joe Biden na cerimónia de 6 de Janeiro.

Na qualidade de vice-presidente dos EUA e de presidente do Senado, Pence opôs-se ao plano de Trump para se manter na Casa Branca e limitou-se a transmitir ao Congresso os resultados que já tinham sido validados pelos vários estados norte-americanos.

DeSantis à espreita

Além de Trump, só a antiga governadora da Carolina do Sul e ex-embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Nikki Haley, oficializou a candidatura à eleição de 2024. Outros nomes, como Pence e o governador da Florida, Ron DeSantis, são dados como certos nas primárias do Partido Republicano.

Segundo as sondagens mais recentes, Trump continua a ser o favorito do eleitorado republicano, e só DeSantis mostra potencial para se assumir como um adversário capaz de impedir uma recandidatura do anterior Presidente dos EUA.

Com uma percentagem de apoio a rondar os 40%, Trump pode vir a beneficiar de uma dispersão do voto anti-Trump no Partido Republicano, garantindo uma nomeação sem maioria, à semelhança do que aconteceu nas eleições primárias de 2016.

O governador da Florida, de 44 anos, tem conquistado espaço no Partido Republicano nos últimos anos, com uma série de políticas orientadas para as chamadas “guerras culturais”.

Uma dessas políticas levou à proibição de as escolas públicas da Florida discutirem orientação sexual e identidade de género nas turmas até ao 3.º ano do ensino primário, sendo que só poderão debater esses temas na presença de alunos mais velhos se isso for “adequado à idade e ao estádio de desenvolvimento” das crianças e jovens.

Devido ao carácter genérico e subjectivo da lei, as escolas têm receio de que qualquer tópico que possa ser interpretado como um debate sobre orientação sexual ou identidade de género — incluindo a descrição de actividades em família por um aluno filho de pais homossexuais — as deixe expostas a dispendiosos processos nos tribunais.

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