Mariana Mortágua quer liderar o BE contra “a maioria absoluta do PS”, que “desistiu”

Mariana Mortágua formalizou a candidatura à coordenação do Bloco. A convenção nacional do partido onde o próximo líder será eleito ocorre a 27 e 28 de Maio.

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Mariana Mortágua é candidata a líder do Bloco de Esquerda Rui Gaudencio
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Mariana Mortágua momentos antes de formalizar a sua candidatura a coordenadora do BE Rui Gaudencio
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Mariana Mortágua saudada por Marisa Matias Rui Gaudencio
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Mariana Mortágua e Marisa Matias Rui Gaudencio

Praticamente duas semanas depois de Catarina Martins ter anunciado que não se candidatará novamente à liderança do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua confirmou, nesta segunda-feira, que será candidata a coordenadora do partido. "Respondo que sim porque quero fazer todas as lutas, as lutas que enchem e dão significado à democracia", declarou.

Em conferência de imprensa na sede nacional do BE, a deputada apresentou as linhas gerais da moção que vai encabeçar na próxima convenção nacional do BE, a 27 e 28 de Maio, mostrando ao que vem: "Afirmar uma alternativa" ao Governo, que acusa de ter desistido do país e de alimentar a extrema-direita.

Considerando que, desde as eleições legislativas de 2022, a maioria absoluta do PS "não cumpre o que prometeu", visto que "não há mais diálogo" nem "mais estabilidade", mas antes "políticas de empobrecimento e desigualdades" que se agravam, Mortágua afirma que o Bloco tem a "responsabilidade" de "mostrar que só uma alternativa à esquerda pode criar respostas para as pessoas".

Para isso, a bloquista garante que o partido estará ao lado dos "movimentos" sociais e contará "com todas as pessoas que sentem que o Governo da maioria absoluta do PS desistiu e só atira promessas para cima dos problemas".

"A maioria absoluta nunca foi outra coisa que não arrogância, intransigência e instabilidade", afirmou, acusando ainda o PS de ter querido "poder absoluto" para "deixar o país condenado ao desrespeito pela educação e a saúde, consumido por quem especula com os preços, corroído pela corrupção e pela facilidade milionária dos favores".

A deputada deixou também críticas à direita, que diz não ter "qualquer solução" ou "alternativa", porque "o seu programa é um programa de desigualdades", e atirou-se ao Governo por, "perante um PSD perdido", usar "o medo da extrema-direita para lhe garantir uma maioria absoluta perpétua". "É por isso que vemos o PS a dedicar-se a promover um despique com o Chega, mesmo sabendo que assim está a alimentar a extrema-direita em Portugal", acusou.

Face a este cenário e olhando para o próximo ciclo eleitoral, Mortágua sustentou que o maior desafio do BE no futuro será oferecer uma alternativa para "as pessoas que estão exasperadas com a inflação" ou "com a decadência das coisas importantes da democracia" e constituir uma opção "à escolha péssima entre o mau e o pior", isto é, o PS e a direita.

Alternativa essa que passará por "levar o país a sério", lema da convenção nacional, em oposição às escolhas do PS, como dar "apoios pontuais" em vez de subir salários, de oferecer "benefícios fiscais" em vez de combater a especulação ou de se enredar na "promiscuidade com os negócios". "Quem quer levar o país a sério, não pode aceitar que estas fatalidades se virem sempre contra quem trabalha", como não pode aceitar o "racismo", as "perseguições", a "política de discriminação", as "guerras como a invasão da Ucrânia" ou as "ameaças nucleares", defendeu.

Mortágua ainda se dirigiu a quem lucra com a crise, deixando um aviso: "Não estamos aqui para vos agradar ou dar sossego. O compromisso do Bloco é com quem trabalha, não é com quem se recusa a aumentar salários para fazer crescer lucros milionários", garantiu.

Catarina Martins foi a "melhor porta-voz"

No anúncio, a bloquista na corrida à coordenação não deixou de parte a actual líder, declarando que o percurso de "consistência" e de renovação do BE "tem a marca de Catarina Martins", cujo trabalho como coordenadora "abriu novos caminhos" e "criou confiança popular". "Ela foi a melhor porta-voz em tempos tumultuosos", disse, garantindo ainda que a líder cessante "vai continuar" a marcar o Bloco "com a sua consistência" e "a sua força".

Catarina Martins, que, em entrevista à RTP, já havia admitido que Mariana Mortágua seria "seguramente um bom nome", reagiu prontamente no Twitter ao anúncio da deputada: "Não há quem duvide da preparação, capacidade de trabalho e competência da Mariana. Sei que agora provará ao país o que eu já conheço tão bem: a generosidade e entrega em cada um dos combates por um país mais justo", afirmou.

A moção encabeçada por Mortágua, sob o lema "Uma força, muitas lutas", é subscrita por 1300 militantes, entre os quais Catarina Martins, os deputados Pedro Filipe Soares, Joana Mortágua, José Soeiro e Isabel Pires, os eurodeputados Marisa Matias e José Gusmão, o fundador do BE Luís Fazenda ou o dirigente Jorge Costa.

Além desta, uma outra moção da ala crítica da direcção, que conta com o histórico da UDP Mário Tomé e os ex-deputados Pedro Soares e Carlos Matias, irá a votos na convenção nacional. Será apresentada nesta segunda-feira às 15h, também na sede do BE.

Sobre estes críticos, Mortágua congratulou o facto de haver "democracia interna" e "espaço para diferentes grupos de militantes" dentro do Bloco, considerando que a apresentação de diferentes moções faz crescer o partido e que "dará origem a um debate muito vivo" na próxima convenção.

Mariana Mortágua, de 36 anos, é deputada na Assembleia da República pelo círculo de Lisboa desde 2013. Na altura, com apenas 27 anos, substituiu Ana Drago, que deixou o partido, passando à frente de nove candidatos e tornando-se na mais nova parlamentar daquela legislatura. Militante do Bloco desde 2009, faz parte da comissão política e da mesa nacional do partido. É também vice-presidente da bancada do BE e coordenadora do grupo parlamentar nas comissões de Assuntos Europeus, Orçamento e Finanças e Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação. Será ainda a coordenadora do BE na comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP.

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