Tintos de Vinhão estão cada vez melhores. E que bem casam com a lampreia

Capaz de desencadear reacções de amor e ódio, o icónico tinto da casta Vinhão é não só um dos vinho preferidos, mas também obrigatório e indissociável dos tradicionais apreciadores de lampreia.

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O fundamental é que o vinho tenha uma boa acidez, frescura e presença de taninos Adriano Miranda / PUBLICO

Icónico, regionalista e igualmente capaz de desencadear reacções de amor e ódio, o vinho tinto da casta Vinhão é inevitavelmente associado à lampreia. Não só pelos minhotos, historicamente familiarizados com a agressividade ácida dos seus vinhos de antanho, mas também pelos mais tradicionalistas apreciadores da vertente rústica e tradicional da lampreia.

O que faz todo o sentido, já que, aproveitando o ciclóstomo o seu sangue nos cozinhados, a casta Vinhão aporta aos vinhos um carácter igualmente ácido, rude e sanguinolento, principalmente aqueles que são criados na fachada mais atlântica da região dos Vinhos Verdes.

São, por isso, não só os preferidos, mas também obrigatórios e indissociáveis dos tradicionais apreciadores de lampreia. A questão é saber se são mesmo os mais adequados e aconselháveis, sendo que vale aqui a máxima de que o melhor vinho é sempre aquele que melhor nos sabe.

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Uma lampreia a bordalesa em Vila Verde, restaurante Torres rui oliveira

Usando o sangue e tendo a lampreia também uma boa quantidade de gordura, o fundamental é que o vinho tenha uma boa acidez, frescura e presença de taninos, capazes de envolver e limpar a sensação gorda.

Vinhos com madeira, sensação madura e persistência frutada serão por isso desaconselhados. Tal como a generalidade dos brancos, que cumprindo embora os requisitos de acidez e frescura, chocam por completo com a intensidade aromática e complexidade de sabores associada às preparações de lampreia, que recorrem ao sangue, alhos e especiarias.

Os indefectíveis dos brancos talvez possam tentar um vinho com alguma oxidação, boa estrutura e volume alcoólico.

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Um Vinhão de Cabeceiras de Basto, da Quinta dos Leões adriano miranda

Sendo a acidez, a força aromática e a presença de taninos fundamentais, um tinto que apresente também boa complexidade será mesmo o ideal. E não tem que ser necessariamente um Vinhão.

Da Bairrada ao Dão, Douro e outras regiões facilmente se encontram vinhos que farão bom casamento.

A boa notícia é que também nos Vinhos Verdes, e com base no Vinhão, são cada vez mais os vinhos equilibrados, com boa estrutura e que dispensam a rudeza e agressividade ácida dos tintos de outrora.

Ou seja, também os tintos de Vinhão estão cada vez mais bem adaptados para as lampreias do Minho.

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