Galáxias gigantes descobertas nos primórdios do Universo — e não era suposto

O telescópio James Webb detectou seis galáxias no início do Universo que desafiam aquilo que sabíamos sobre estes objectos: 500 a 800 milhões de anos após o Big Bang já havia galáxias gigantes.

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As seis galáxias gigantes detectadas pelo telescópio James Webb nos primórdios do Universo, 500 a 800 milhões após o Big Bang NASA/ESA/CSA/I. Labbe (Universidade de Tecnologia de Swinburne)

Há mais seis galáxias dos primórdios do Universo descobertas pelo telescópio espacial James Webb. Mas não são apenas mais seis galáxias – são galáxias gigantes. “Só esperávamos encontrar galáxias pequenas, jovens e bebés neste período, mas descobrimos galáxias tão maduras quanto a nossa naquilo que era tido como a alvorada do Universo”, relata Joel Leja, um dos investigadores envolvidos na descoberta.

As galáxias estão situadas 500 a 700 milhões de anos após o Big Bang, quando o Universo tinha apenas 3% da sua idade actual. E quando olhamos para as primeiras centenas de milhões de anos, os objectos astronómicos que encontramos tendem a estar em desenvolvimento – nunca tão “adultos” como os cientistas viram aqui.

A descoberta, publicada esta quarta-feira na revista Nature, é o último resultado do primeiro conjunto de objectos observados através do telescópio James Webb, lançado no espaço no final de Dezembro de 2021. O ano passado, também a partir destes dados, este novo telescópio já tinha detectado a luz emitida por quatro galáxias quando o Universo tinha apenas 350 milhões de anos – um recorde que as coloca no topo das galáxias mais distantes (e primordiais) que já vimos.

Apesar de não serem tão antigas, estas seis galáxias gigantes trazem outros desafios – inclusive para as teorias da física. “Estes objectos são mais maciços do que alguma vez podíamos esperar”, diz Joel Leja, astrónomo na Universidade Estadual da Pensilvânia (Estados Unidos), citado em comunicado. Estes são resultados preliminares que, se forem confirmados, desafiarão o actual conhecimento sobre a formação de galáxias no início do Universo.

“Temos apelidado informalmente estes objectos de ‘transgressores do Universo’ – e têm feito jus ao nome até agora”, nota Joel Leja. A existência de um nível de massa suficiente para criar estas galáxias apenas 500 a 800 milhões de anos após o Big Bang coloca em causa aquilo que era considerado certo: as galáxias começaram como pequenas nuvens de poeiras e estrelas que foram crescendo gradualmente com o decurso do tempo.

Há uma outra hipótese: “Apesar de os dados indicarem que são provavelmente galáxias, há uma possibilidade de que alguns destes objectos afinal sejam buracos negros supermaciços. De qualquer das formas, a quantidade de massa que descobrimos significa que a massa conhecida nas estrelas neste período do Universo é até 100 vezes maior do que pensávamos”, reitera Joel Leja.

A equipa de investigadores, de universidades norte-americanas e europeias, espera agora confirmar a informação, para perceber se estas são mesmo galáxias gigantes e, também, tentar compreender o que estão a fazer objectos com tanta massa na infância do Universo. “A parte engraçada é que há imensas coisas que queremos aprender com o telescópio James Webb e esta não era sequer uma delas. Encontrámos algo que nunca tínhamos pensado em perguntar ao Universo”, conclui Joel Leja.

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