FC Porto recupera trunfos para uma cartada histórica em Milão

Com um quarteto recuperado, “dragões” partem para a primeira mão dos oitavos-de-final em busca da primeira vitória portuguesa em casa do Inter.

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Último treino do FC Porto no Olival, antes da partida para Milão LUSA/ESTELA SILVA

O que os cerca de 80 mil espectadores que vão encher as bancadas do Estádio Giuseppe Meazza, logo à noite (20h), levarão como guião para o encontro dos oitavos-de-final da Champions, entre Inter Milão e FC Porto, é algo como isto: um jogo entre duas equipas que atravessam um bom momento, que ocupam o segundo lugar no campeonato doméstico e que são orientadas por antigos companheiros dos tempos da Lazio. Os “dragões”, que se têm dado bem com os ares de Itália nos últimos anos, tentarão quebrar o registo dos “nerazzurri”, que nunca perderam em casa com adversários portugueses na Europa.

“Sabemos da qualidade do Inter, mas também sabemos da nossa. Estamos habituados a estes palcos. Não nos podemos esquecer que representamos um clube histórico como o FC Porto. Não sou virgem nestas andanças, como alguns dos meus jogadores. Preparámos o jogo ao pormenor”, apontou Sérgio Conceição, em conferência de imprensa, prometendo uma equipa agressiva e sempre viva. “Não podemos fugir ao que somos. Vamos atrás do pormenor que pode ser decisivo”.

O treinador do FC Porto tem razões para confiança moderada. Embora globalmente o saldo dos “azuis e brancos” frente a equipas italianas nas competições da UEFA seja desfavorável (11 vitórias, dez empates e 15 derrotas), os registos mais recentes são, ao invés, encorajadores. Na temporada passada, os “dragões” venceram e empataram com o Milan na fase de grupos, depois de em 2018-19 e em 2020-21 terem afastado Roma e Juventus.

Tirando o impulso anímico, esses embates pouco contribuirão para o jogo de hoje, mas o momento de forma que o FC Porto atravessa talvez seja um indicador mais fiável. Construiu um ciclo de 22 encontros sem derrotas (a última aconteceu com o Benfica, a 21 de Outubro) e venceu os últimos 10, com somente dois golos sofridos e 22 marcados. E fê-lo num contexto de dificuldades acrescidas, especialmente nas últimas semanas, com baixas de vulto — em qualidade e em quantidade.

Essa é, de resto, a grande incógnita que os “dragões” vão estender até à hora do jogo. Na comitiva para Milão viajaram Otávio, Evanilson, Uribe e Galeno, elementos nucleares e que têm estado fisicamente limitados, o que abre as portas a um possível regresso à normalidade. Seja como for, é uma equação que terá sempre o condão de deixar o adversário na dúvida.

Lautaro e mais um no ataque

Do lado do Inter, de resto, elas também existem, sendo que a maior de todas reside no ataque. Até à data, nas provas europeias, Simone Inzaghi tem optado pela dupla Edin Dzeko/Lautaro Martínez na frente do habitual 3x5x2 que idealizou, mas a fase de menor exuberância do bósnio e a subida de rendimento de Romelu Lukaku poderão abrir as portas da titularidade ao belga.

O técnico italiano não abre o jogo a este respeito e alarga os pontos de interrogação aos restantes sectores. “Há dúvidas não só no ataque, mas também no meio-campo e na defesa. O papel do treinador é escolher um ‘onze’ em função daquilo que é o melhor para a equipa”, vincou, na conferência de imprensa, mostrando total confiança num plantel que conseguiu empurrar o Barcelona para a Liga Europa e ocupar, juntamente com o Bayern Munique, um dos lugares de apuramento do Grupo C.

Este Inter, demasiado errático no início da época, vive agora um período de maior estabilidade, que se traduz num desaire apenas nos últimos 13 jogos, ciclo que incluiu duas vitórias sobre o rival AC Milan (uma a contar para a Supertaça) e um triunfo sobre o líder da Série A, o Nápoles (o único dos napolitanos na prova até à data). E se é verdade que, tal como o FC Porto, ocupa o segundo posto do campeonato, também é certo que os 15 pontos de distância para o primeiro pouco têm a ver com os cinco que separam o actual campeão do líder da Liga portuguesa.

Longe vão os tempos em que o extremo Sérgio Conceição e o avançado Simone Inzaghi coabitaram no plantel da Lazio, em 1999-00. E também já vai distante a época em que FC Porto e Inter se cruzaram na Liga dos Campeões: foi em 2004-05 e os italianos levaram a melhor, com um empate em Portugal e um triunfo em Itália. Agora, é tempo de escrever um novo capítulo.

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