Ionesco, rinocerontes e nós

O trabalho de Ricardo Aibéo sobre a linguagem cénica, essencial nesta encenação, torna a representação um espectáculo maduro, apesar da sua aparente fragilidade.

fascismo,cultura,adolf-hitler,teatro,culturaipsilon,
Fotogaleria
Encenador Ricardo Aibéo compõe com desenvoltura "Rinoceronte" a partir da tradução de Luís Lima Barreto cortesia Teatro do Bairro
fascismo,cultura,adolf-hitler,teatro,culturaipsilon,
Fotogaleria
Interpretações do encenador e de David Almeida, Dinis Gomes, Duarte Guimarães, Graciano Dias, Rita Durão e Sofia Marques cortesia Teatro do Bairro
fascismo,cultura,adolf-hitler,teatro,culturaipsilon,
Fotogaleria
Insólito era a palavra preferida por Eugène Ionesco (1909-1994) para definir o seu trabalho cortesia Teatro do Bairro

Ainda há minutos um rinoceronte atravessou a toda a brida a rua, mas a discussão que ocupa aquelas testemunhas é saber se o bicho tinha um ou dois cornos, se era africano ou asiático, se teria fugido de um jardim zoológico ou de um circo ou surgido ali de geração espontânea por obra e graça do Espírito Santo… Como se ninguém entre os clientes e proprietários daquele bar manhoso, depois da surpresa, agora em animada, por vezes exaltada cavaqueira, se lembrasse já que, um instantinho atrás, um rinoceronte atravessara a toda a brida a rua daquela cidade mais do que pacata – o que, por si só, é acontecimento insólito que baste.

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.
Sugerir correcção
Comentar