Gripe das aves mata centenas leões-marinhos e milhares de pelicanos em áreas protegidas do Peru

Estirpe H5N1 do vírus da gripe está espalhada por vários países da América Latina e começa a infectar também mamíferos marinhos, para os quais é igualmente mortal.

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Um pelicano doente ao lado de um morto no rio Camana: estas aves começaram a morrer ainda no ano passado no Peru Reuters/SEBASTIAN CASTANEDA

Dezenas de milhares de aves, a maior parte pelicanos, e pelo menos 716 leões-marinhos, morreram infectados com a gripe das aves em várias áreas protegidas do Peru. A estirpe H5N1 do vírus da gripe foi detectada pela primeira vez no Norte do país em Novembro. Desde então já matou 63 mil aves, e acordo com dados oficiais.

“Desde meados de Janeiro registámos também a morte invulgar de muitos leões-marinhos [mamíferos]. Até agora encontrámos 716 mortos em sete áreas protegidas ao longo da costa”, disse Roberto Gutierrez, responsável pela vigilância no Serviço Nacional de Áreas Naturais Protegidas do Peru.

A gripe das aves causada pelo vírus H5N1 está a espalhar-se pelo mundo desde o início de 2021. Já morreram mais de 200 milhões de aves, quer por causa da doença, quer por abates em massa de aves de capoeira, para tentar controlar a disseminação do vírus, disse a Organização Mundial de Saúde Animal.

Na América do Sul, foram detectados casos de gripe das aves no Equador, Bolívia, Chile, Paraguai, Peru e, mais recentemente, na Argentina e no Uruguai. No Brasil, que é o maior exportador de carne de frango do mundo (detém 35% do mercado, segundo números do Governo brasileiro, de 2022), ainda não há casos confirmados.

O vírus torna-se também uma ameaça à biodiversidade. No Chile, as autoridades de Saúde detectaram na semana passada o primeiro caso positivo num mamífero marinho, um leão-marinho que se encontrava numa praia no Norte do país.

A população de leões-marinhos era de 110 mil animais no Peru em 2020 e viviam sobretudo na região costeira de Ica e na reserva natural de Paracas, de acordo com a organização internacional Oceana, que se dedica à protecção dos oceanos.

Nas últimas semanas, equipas do Serviço Nacional Florestal e de Fauna Silvestre do Peru, protegidas com fatos de plástico, luvas e máscaras, recolheram e enterraram centenas de leões-marinhos em várias praias ao longo da costa central do país.

“O que começou inicialmente por afectar os pelicanos, no ano passado, está agora a afectar estes mamíferos marinhos”, disse Javier Jara, veterinário do Serviço Nacional Florestal e de Fauna Silvestre.

Na Europa, a época epidémica de 2021-2022 de gripe das aves foi a maior de sempre no continente, com uma extensão geográfica inédita a 37 países, incluindo Portugal, alertou o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC, na sigla em inglês).

Entre Outubro de 2021 e Setembro de 2022, a Europa sofreu a mais grave epidemia de gripe das aves, com 2520 surtos em aves de criação, 227 em aves em cativeiro e 3867 detecções desta versão altamente patogénica do vírus em aves selvagens, segundo o mais recente relatório do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças sobre o assunto, datado de Dezembro. Obrigou ao abate em massa de 50 milhões de aves de criação.

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