A Terra estúpida de Philomena Cunk

A personagem cómica da britânica Diane Morgan é o foco de O Mundo por Philomena Cunk, que está na Netflix.

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Diane Morgan é Philomena Cunk em O mundo por Philomena Cunk, que chegou no final de Janeiro à Netflix DR

Philomena Cunk não é uma repórter ou apresentadora propriamente inteligente. Também não é nada informada. Confunde nomes, acredita no que o seu amigo Paul, que não crê na existência da lua, lhe diz, percebe mal muita coisa. É, portanto, a pessoa perfeita para apresentar uma série documental de cinco episódios sobre a História do mundo em que anda pelos quatros cantos da terra a fazer perguntas profundas a especialistas no assunto.

É esta a premissa de Cunk on Earth, ou O Mundo por Philomena Cunk, em português, a série cómica em jeito de falso documentário encabeçada por Cunk, uma personagem que é interpretada, desde os tempos do Weekly Wipe de Charlie Brooker, de 2013, por Diane Morgan – Brooker, que é mundialmente mais conhecido por Black Mirror, mas também foi parcialmente responsável por pérolas como Nathan Barley, é aqui criador, produtor executivo e argumentista.

A série, uma espécie de sequela de Cunk on Britain, de 2018, que foi precedida por um especial chamado Cunk on Shakespeare, ia ser feita em 2020 e foi sendo adiada por causa da pandemia, chegou à Netflix no final de Janeiro, isto depois de ter passado originalmente em Setembro na BBC Two britânica. A pandemia também cortou alguma da ambição: originalmente, a rodagem era para ser em vários países, mas as viagens fora de Inglaterra acabaram por se cingir a Gales e Itália.

A piada está sempre em Cunk, a ideia, ao contrário de outras personagens do género, não é gozar com os entrevistados. Alguns dos especialistas até sabem quem é Cunk, visto ser uma personagem popular e famosa em Inglaterra, outros até riem a meio – algo que é sempre cortado. De qualquer maneira, são sempre avisados para a tratarem como uma criança, não estão a ser enganados pela produção.

Há um sem fim de parvoíce a sair da boca de Cunk e há uma enorme e impressionante densidade de piadas por minuto aqui. A protagonista faz perguntas como se armas antigas poderiam matar pessoas contemporâneas ou se as pirâmides têm aquela forma para impedir que pessoas sem-abrigo durmam em cima delas. Insiste com uma especialista que Aristóteles era o autor da expressão "dança como se ninguém estivesse a ver". Também convence, por exemplo, a historiadora Kate Cooper a dizer para a câmara que Jesus Cristo foi a primeira vítima famosa da chamada "cultura de cancelamento".

A maneira como as pessoas com quem ela fala reagem, corrigindo-a, adicionando informação factual e séria aos desentendimentos da jornalista, é parte do deleite. Mas não é a única componente interessante. As introduções de Cunk têm também piada, bem como segmentos como a apresentadora a entrar numa caverna porque a produção a mandou, ou a aparição recorrente do "hino techno belga Pump Up The Jam", dos Technotronic. Depois da Grã-Bretanha, Philomena Cunk conquistou agora o mundo.

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