Milhões de sírios precisam de ajuda humanitária, alerta ONU

Activistas e equipas de resgate denunciaram a falta de ajudas da ONU no noroeste da Síria, região controlada por forças opostas ao Presidente Bashar Al-Assad. ONU já reconheceu falhas.

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Harem, Idlib, na Síria, após o terramoto Reuters/WHITE HELMETS

Há pelo menos 8,8 milhões de pessoas na Síria afectadas pelos sismos ocorridos há duas semanas com epicentro na Turquia, avançou este domingo a Organização das Nações Unidas (ONU), destacando que a maioria precisa de ajuda humanitária. A estimativa surge no mesmo dia em que os Médicos Sem Fronteiras (MSF) apelaram a um “aumento urgente” da ajuda humanitária no norte da Síria.

“Pelo menos 8,8 milhões de pessoas na Síria foram afectadas pelo sismo e a maioria precisará de algum tipo de ajuda humanitária. A ONU está absolutamente comprometida em ajudar todos os sírios”, disse a representante especial do organismo na Síria, Najat Rochi, numa publicação na sua conta no Twitter.

Activistas e equipas de resgate denunciaram a falta de ajudas da ONU no noroeste da Síria, região controlada por forças opostas ao Presidente Bashar Al-Assad.

O coordenador de Socorro de Emergência da ONU, Martin Griffiths, já visitou a área e reconheceu que o organismo falhou às vítimas nesta parte do país.

Há também entraves burocráticos e problemas logísticos, como a falta de infra-estruturas rodoviárias em boas condições após anos de guerra no país. Assim, camiões mais pequenos poderiam ter entregado a ajuda muito mais cedo que os camiões grandes, normalmente usados.

Até agora, chegaram 140 camiões provenientes da Turquia às áreas rebeldes do noroeste da Síria. Nesta região, mais de nove mil prédios ficaram destruídos ou danificados pelo sismo e, pelo menos, 11 mil pessoas perderam as suas casas, pelo que o material mais necessário no momento são tendas de campanha.

Médicos Sem Fronteiras pedem "aumento urgente" de ajuda

Este domingo chegaram mais 14 camiões transportando ajuda de organizações não-governamentais (ONG) para as vítimas do sismo. A caravana chegou domingo de manhã pelo posto de fronteira de al-Hammam proveniente da Turquia, de acordo com os MSF e um correspondente da agência de notícias France-Presse (AFP).

“Esta primeira caravana transporta 1.296 tendas destinadas aos deslocados e às famílias (de cinco pessoas ou mais), bem como 1.296 kits de inverno para isolar as tendas do frio” refere a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) em comunicado.

Segundo a organização, “outras caravanas dos MSF devem seguir rapidamente para entregar material médico e não médico”.

“É urgente um aumento no volume de suprimentos para responder à escala da crise humanitária”, alertaram os MSF, referindo que a ajuda “está a chegar aos poucos, em quantidades insignificantes”, com um volume que “mal chega àquele antes da catástrofe”, lamentou Hakim Khaldi, chefe da missão dos MSF na Síria.

Antes do sismo, quase toda a ajuda crucial para mais de quatro milhões de pessoas que vivem nas áreas controladas pelos rebeldes no noroeste da Síria era canalizada via Turquia, através do posto fronteiriço de Bab al-Hawa, o único ponto de passagem garantido por uma resolução do Conselho de Segurança sobre a passagem transfronteiriça de ajuda da ONU sem aprovação de Damasco.

A Síria aceitou que duas novas travessias de fronteira com a Turquia sejam usadas, durante três meses, por caravanas que transportam ajuda para as áreas rebeldes.

Os MSF especificam que a sua entrega foi organizada “fora do mecanismo humanitário transfronteiriço das Nações Unidas”, já que as ONG não são obrigadas a cumpri-lo, ao contrário das agências da ONU.

Mais de 45 mil pessoas morreram após os sismos que devastaram o sudeste da Turquia e o norte da Síria, a 6 de Fevereiro.

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