O teatro refrigerado de Diogo Vaz Pinto

Um entrevistador como cheerleader do entrevistado, atirando-lhe palavras como quem meneia as ancas na bancada, na esperança de o levar sempre um bocadinho mais além.

Dizia o grande crítico de cinema Louis Skorecki, numa entrevista em que era chamado a comentar os efeitos de amor (algum) e ódio (muito) gerado pelo seu trabalho de décadas, que o fundamental era “estar em paz com a possibilidade de não se ser amado”. Observação eventualmente aplicável a qualquer outra actividade, e mesmo com melancólica validade enquanto forma de encarar a vida, tout court, mas especialmente verdadeira para um exercício saudável do ofício de crítico de cinema. Quem não suporta o desamor que possa nascer do que diz e escreve, quem não suporta a possibilidade de não ser amado, é melhor que escolha outra actividade, e a sociedade até oferece, hoje, muitíssimas maneiras de se ser sempre simpático, fazer amigos, e estar de bem com toda a gente ao mesmo tempo.

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.
Sugerir correcção
Ler 1 comentários