Amamentação e paternidade

A amamentação é das tarefas mais difíceis na maternidade. No entanto, e apesar das recomendações da OMS, não é uma obrigação da mãe, que tem o direito de decidir o que faz com o seu corpo.

Foto
Amamentação Unsplash

Se há momento em que nos apercebemos da desigualdade entre homens e mulheres é na paternidade.

Não é só no facto de muitas pessoas ainda estranharem que o pai faça em qualidade e em quantidade as mesmas tarefas que a mãe. Não é só o facto de a licença de paternidade não ter um período igual e em simultâneo com a licença de maternidade (os primeiros meses são difíceis para a mãe física e psicologicamente). É, principalmente, na amamentação. A amamentação é das tarefas mais nobres e difíceis na maternidade.

Das mais nobres porque é um acto de amor. Eu como pai, nunca sentirei essa experiência de ser a pessoa mais importante da vida daquele bebé. Ser fonte de segurança, afecto, nutrição e até de calor. O aconchego que religa a ligação que começou no útero.

No entanto, a amamentação (apesar de a Organização Mundial de Saúde recomendar que os bebés amamentem até pelo menos aos dois anos) não é uma obrigação da mãe. A mãe tem o direito de decidir o que faz com o seu corpo e isso não a faz menos mãe.

A amamentação é das tarefas mais difíceis na maternidade. Não me refiro às situações em que a pega é errada, em que há pressão social para amamentar, os muitos conselhos de família e amigos (que, muitas vezes, só atrapalham em vez de ajudar) ou a falta de apoio especializado (procurem apoio nos centros de saúde e maternidades, mães). Refiro-me ao facto de uma mãe, potencialmente durante dois anos ou mais, ter a sua vida pessoal e profissional condicionada.

Pessoal porque tem de estar sempre disponível para o bebé (mesmo de madrugada, privando do sono em meses tão frágeis psicologicamente), tem de usar sempre roupa adequada e, por fim, tem de ajustar a sua vida profissional.

Existe uma pressão social para que rapidamente a mãe rompa essa ligação com o filho sem que ela ou o filho o queiram ou que seja recomendado pela medicina. A mãe, apesar de a lei a proteger, sai sempre prejudicada em relação ao pai. Ora porque tem uma licença mais prolongada, ora porque tem horário reduzido por ser lactante, ora porque, muitas vezes, acha-se mais normal ser a mãe a ficar em casa com o filho doente. Como alterar isto? Acabar com os direitos da mãe? Claro que não.

A minha geração deve mostrar que não existe diferença entre as tarefas da mãe e as do pai e que, por essa razão, devem existir direitos iguais, por exemplo, a licença parental alargada e em simultâneo. Para que as mães tenham mais apoio e não sejam discriminadas nem social nem profissionalmente.

Sugerir correcção
Comentar