Cartas ao director

O que falha

Trinta e um meses depois da nacionalização da Efacec, que era suposto ser transitória, termina nova tentativa de reprivatização, sem se saber o que vai dar. Para uma empresa de accionista ausente e a navegar sem velas, 31 meses é uma eternidade que pode ser fatal.

O cabaz alimentar para pessoas necessitadas, que deveria incluir 25 produtos, está a ser distribuído apenas com oito, por incapacidade da máquina burocrática do Estado em realizar as necessárias compras.

Dos fundos europeus, da famosa “bazuca”, destinados à habitação, apenas cerca de 50 de milhões de euros, cerca de 3%, foram executados e a lista continua.

Já sabíamos que o Estado tinha dificuldade em gerir e gastar bem; a novidade agora é que este Governo já nem sequer consegue agir, de todo. Será? Não, há excepções! A equipa coordenadora nomeada pelo Governo para a JMJ, liderada por José Sá Fernandes, a qual Carlos Moedas classifica de pretensos coordenadores que não fazem nada e que não ajudam a resolver nada, custa 530 mil euros por ano – incluindo um coordenador, três adjuntos, três técnicos especialistas, uma secretária pessoal e um motorista. Aqui nada pode faltar e, na dúvida, fica em funções até um ano e meio após o evento terminar.

Depois, queixem-se dos populismos e divaguem com teorias quanto à medicação!

Carlos JF Sampaio, Esposende

O ChatGPT e o futuro do Português

São muitas as preocupações relativas à popularização de uma nova ferramenta da inteligência artificial: o ChatGPT. Como o nome indicia, desde logo, trata‑se de um programa interactivo, cujas virtudes residem na capacidade progressiva de responder às perguntas dos cibernautas num registo multímodo (da resolução de dúvidas pontuais, por exemplo, à produção integral de artigos científicos). Entre essas preocupações, por conseguinte, destacam‑se as de natureza académica e política.

Mas não devem ser apenas a pirataria intelectual e a propaganda da desinformação os motivos maiores do nosso desassossego. No que diz directamente respeito a Portugal, o uso intensivo dos “autómatos de conversação” há‑de erodir irreversivelmente o génio da língua portuguesa — por força de um duplo constrangimento, a saber: a actual predominância do “portinglês” e ainda a pressão crescente (acentuada pelo novo acordo ortográfico) do Português do Brasil. Entre Cila e Caríbdis, perguntar‑se‑á, haverá futuro para o idioma de Camões?

Eurico de Carvalho, Vila do Conde

Nomeações

A 10 de Fevereiro, na secção Local, um artigo assinado pela jornalista Margarida Gomes dá conta do desagrado do líder da distrital do PS pelo facto de o ministro João Galamba ter nomeado para a APDL [Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo] um tal João Pedro Neves e não um tal Miguel Lemos Rodrigues, o que lhe daria mais jeito para deixar o caminho aberto para que um tal João Paulo Correia se candidatasse nas próximas autárquicas à Câmara de Gaia. Tudo isto embrulhado com uma tal Cláudia Soutinho e um tal José Lemos de que não se descortina qual o papel em toda esta embrulhada.

Não entendo bem a lógica do processo, nem sei das competências de todos estes senhores, mas, pensava eu que o senhor ministro, bem ou menos bem aconselhado, nomeava quem entendia ser a melhor opção para a função. Pelos vistos, não é assim, e as nomeações para a gestão de uma empresa importante para o desenvolvimento da região deve ser feita não em função da competência do nomeado, mas em função de uma estratégia de candidatura à presidência da Câmara de Gaia ou de outra câmara qualquer.

Tenham dó. A continuar assim, não se lamentem com o crescimento do Chega, nem de outros movimentos que, à direita ou à esquerda, nasçam e prosperem explorando esta promiscuidade.

José Borges, Porto

Os professores continuam a ter razão

Tenho escrito várias cartas sobre este tema e continuo a lamentar profundamente que os professores não sejam tratados com a dignidade que merecem, desde a ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues, que, por casualidade ou talvez não, é a actual reitora do ISCTE. O PSD, pela mão de Nuno Crato, ministro de Passos Coelho, agravou terrivelmente o problema dos professores, quando, com a ideia de “ir além da troika”, fez cortes de milhões na Educação. Dito isto, tenho também de afirmar, em abono da verdade, que António Costa deixou chegar a situação a um ponto lamentável. Será assim tão difícil apresentar um calendário de contagem do tempo de serviço efectivamente prestado, mas não contado, que seja aceite? O tempo de serviço prestado tem mesmo de ser considerado. António Costa tem de fazer uma proposta honesta e tudo será resolvido.

Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora

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