Google não vai precipitar lançamento do Bard para entrar na corrida aos chatbots

Apesar de a empresa ter dito, na segunda-feira, que o chabot Bard seria lançado “nas próximas semanas”, ainda não há uma data definida.

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O Bard ainda não tem data de lançamento para o público geral Leon Neal/Getty Images

Ainda deve demorar para que o Bard esteja pronto para ser lançado ao público. O chatbot que a Google anunciou esta segunda-feira para competir com o ChatGPT só entrou agora em fase de testes, o design ainda não está finalizado e o bot ainda se engana sobre alguns temas.

“Só quando estivermos satisfeitos, é que lançamos [o Bard] a todos,” salientou esta quarta-feira Prabhakar Raghavan, um vice-presidente na Google, responsável pelo departamento de pesquisa (Google Search), num evento da gigante tecnológica em Paris em que o PÚBLICO participou e em que eram esperadas novidades sobre o chatbot.

Ao longo da tarde foram anunciadas várias ferramentas de inteligência artificial para facilitar a pesquisa de informação online (por exemplo, melhorias na pesquisa que junta texto e imagens), mas o desenvolvimento do Bard foi o tópico que mais atraiu atenção. Apesar de a empresa ter dito, na segunda-feira, que o produto seria lançado “nas próximas semanas”, ainda não há uma data definida.

“Sabemos que [outras empresas] também vão lançar produtos do género. É um mercado muito competitivo”, reconheceu Raghavan, notando que o foco da empresa é lançar o novo produto de forma "responsável".

As acções da Alphabet (a empresa-mãe da Google) caíram 8% na quarta-feira depois do primeiro tropeço do Bard. A versão de demonstração do chatbot enganou-se no telescópio responsável pela primeira fotografia de um planeta fora do sistema solar (exoplaneta) – o lapso foi apanhado pelo astrofísico Grant Tremblay no Twitter.

“Com inteligência artificial é impossível ter 100% de informação factual sem quaisquer erros. O nosso objectivo é chegar o mais próximo possível de 100%”, notou Raghavan, em Paris, lembrando que este Bard não é um produto final. “Começamos agora um processo em que milhares de pessoas o estão a testar.”

A Google não vê o sistema a substituir o motor de busca, mas sim a ajudar as pessoas a decifrar a informação que encontram online. "Imaginemos que alguém está à procura de um carro novo, que se ajuste bem à tua família. O Bard vai poder ajudar a pensar nos diferentes parâmetros a considerar desde o orçamento à segurança e mais, e simplificá-los”, explica Raghavan.

Chatbots ganham fama

Nos últimos meses, a Google tem sido alvo de pressão, do público e dos accionistas, para lançar um chatbot com inteligência artificial depois de a OpenAI ter disponibilizado uma versão de teste de um sistema capaz de resumir temas complexos, escrever poemas e até programar. A ferramenta também levanta dúvidas sobre o modelo de negócio da Google, que depende em grande parte de utilizadores que carregam em links com anúncios que são apresentados no motor de busca.

A apresentação do Bard é prova de que a Google está a trabalhar em novas formas de consumir informação online. Em 2021, a empresa já tinha lançado o LaMDA (a base do Bard), um conjunto de modelos linguísticos criados para prever a sequência de palavras mais provável num diálogo com base em extensas bases de dados e técnicas de probabilidade, estatística e inteligência artificial. Só que a investigação não foi acompanhada de um produto fácil de utilizar pelo público em geral.

Quando for lançado, o chatbot da Google deve ser capaz de considerar informação de última hora. É algo que a versão teste do ChatGPT tem dificuldade em fazer porque a base de dados primária apenas inclui informação até ao final de 2021. Ou seja, a proposta da OpenAI não consegue fornecer detalhes factuais sobre a guerra na Ucrânia ou o estado actual da economia.

A par do Bard, a Google também quer incorporar modelos linguísticos no motor de busca, para que os resultados incluam um resumo de informações complexas e várias perspectivas.

Por ora, a tecnológica parece estar atrás dos competidores. Esta terça-feira, a Microsoft, que investiu milhares de milhões de dólares no laboratório OpenAI, anunciou uma versão do motor de busca Bing, em formato chatbot, com base na tecnologia do ChatGPT. Já é possível entrar numa lista de espera para testar a ferramenta.

Embora o Bard ainda não esteja pronto, a Google lançou várias outras ferramentas de inteligência artificial esta semana. Durante o evento em Paris, a Google apresentou melhorias no sistema de mapas, tradução e pesquisa de imagens. Por exemplo, passa a ser possível apontar a câmara do telemóvel para identificar diferentes lojas, restaurantes e serviços.

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