Há muitos talibans na Educação

Os nossos governos continuam a optar por se manterem focados e empenhados em modelos de educação obsoletos que pouco oferecem e não preparam os nossos jovens adultos para o mundo de amanhã.

Fiquei triste ao saber que os talibans proíbem o direito à educação das mulheres no Afeganistão. Este é realmente um novo crime contra a humanidade. A notícia fez-me pensar que existem, na verdade, muitos "talibans" por aí, limitando as escolhas de educação para os pais e, mais importante, para os alunos, que procuram opções mais relevantes e envolventes.

A educação é uma questão mundial que abrange tanto o primeiro como o terceiro mundo, uma vez que não está a funcionar, à escala global, para a nossa juventude. Desafio a que falem com professores, pais, empresas, alunos e até políticos e todos concordarão que o atual modelo de educação é um sistema ultrapassado, com pouca esperança nas mudanças que são necessárias.

A verdade é que o ensino pode mudar, e tem de mudar. Isto, claro, se quisermos cumprir todos os objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas de que tanto falamos. Pode mudar porque temos novas tecnologias que facilitam uma educação de qualidade e sem fonteiras. O ensino, nos dias de hoje, pode agora ser personalizado tendo em conta a individualidade de cada estudante, permitindo desta forma que cada ser humano possa atingir todo o seu potencial. No entanto, esta mudança exigirá a vontade de todas as partes interessadas, dos pais aos responsáveis pelas escolas, mas, sobretudo e naturalmente, do governo.

Há muitos desafios que afetam a eficiência da educação; um dos maiores é a ausência de professores qualificados e/ou motivados. Esta dificuldade pode ser superada através da capacitação dos professores, em conjunto com a introdução de "Treinadores de Aprendizagem", que podem ajudar os alunos a atingir os seus objetivos académicos e pessoais.

A tecnologia permite maior liberdade e flexibilidade dentro dos ritmos de aprendizagem individuais. O facto de cada aluno poder propor-se a exame quando acha que está preparado, alivia a ansiedade e o stress que, muitas vezes, é a causa de problemas de saúde mental nos nossos jovens adolescentes. Somos capazes de usar a tecnologia para fornecer aos alunos as competências que a força de trabalho está ou vai procurar quando se formarem, porque podem aprender continuamente novos conteúdos que lhes forem interessando.

Com todas estas possibilidades em aberto, os nossos governos continuam a optar por se manterem focados e empenhados em modelos de educação obsoletos que pouco oferecem e não preparam os nossos jovens adultos para o mundo de amanhã. Não deve ser dos pais e dos alunos a escolha da forma sobre o que e como aprendem? Compreendo que paguemos impostos para o ensino público, mas quando não está a funcionar – ou está, até, a tornar-se prejudicial para as gerações futuras - não devemos permitir que pais e alunos escolham um novo caminho que funcione para eles? Certamente que o indivíduo e a sua família sabem melhor do que o Estado que métodos ou sistemas são mais eficazes para o seu processo de aprendizagem. Com as greves dos professores e as escolas em ruínas, não devemos, pelo menos, permitir, discutir, escutar quem tem alternativas viáveis? E essas novas possibilidades não devem ser encorajadas?

O modelo de escola tradicional pode funcionar para algumas pessoas, mas estudos recentes demonstram que 75% dos adolescentes não gostam do sistema de ensino atual. Não estou a pedir descontos fiscais para aqueles que decidam não utilizar o ensino público, estou apenas a pedir que o direito constitucional de escolha para eleger a nossa própria educação seja respeitado. Isto, por si só, aliviará a pressão sobre o ensino público e, em última análise, melhorará todos os tipos de educação. Prevejo que muitos dos conceitos alternativos provarão que a educação pública tal como está se tornará, em breve, um embaraço.

Não podemos ser hipócritas e criticar os talibans pelas suas ações quando ainda perseguimos quem escolhe um modelo educativo alternativo. Muitos modelos estão a ser desenvolvidos para responder às necessidades dos desafios atuais oferecendo parcerias, por exemplo, com empresas líderes nos seus setores e que investem milhares de milhões na disponibilização de soluções para o mundo de hoje, bem como apostam na formação para superar as deficiências que os modelos educativos tradicionais revelam. Os países que adotam estes modelos alternativos terão benefícios de crescimento a longo prazo, e muitas outras vantagens competitivas em relação aos que permanecem estagnados dentro dos modelos tradicionais.

Precisamos de ensinar automação, IA, codificação, música, arte, canalização, mecânica e tudo o mais que o aluno queira. A aprendizagem tem de se personalizar para ajudar a cumprir o propósito com que cada aluno nasce ou que acaba por desenvolver. Temos de encorajar os alunos a procurar conhecimentos e competências pelas quais têm paixão, pois é quando a magia acontece e as ideias florescem. Não podemos continuar a avaliar alunos que recebem formação de que ou não gostam ou não é relevante.

Podemos usar a IA para ajudar os alunos com necessidades especiais a ganharem mais controlo das suas vidas. Podemos usar a IA para preparar o caminho de cada aluno, para atualizar os seus conhecimentos e competências sempre que necessário. Precisamos que todos os intervenientes no processo educativo pais, empresas, comunidade e governo trabalhem em conjunto e construam um modelo educativo mais relevante para todos. Sim, isto pode ser feito!

Os talibans limitam a educação porque têm medo do que o conhecimento traz ao seu povo. Os nossos governos têm de ser corajosos e permitirem mudanças na educação que proporcionem soluções para os nossos medos globais, atuais e futuros. Novos modelos educativos fornecerão soluções para os novos desafios que estamos a enfrentar. É hora de abraçar novas ideias, de seguir em frente, caso contrário estamos todos a viver numa insanidade coletiva, fazendo repetidamente algo que não funciona.

"A insanidade está em fazer a mesma coisa, uma e outra vez, e esperar resultados diferentes." Albert Einstein

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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