Operação de resgate: de onde parte a ajuda que chega à Turquia

Está frio, chove, não há electricidade e a terra continua a tremer na Turquia e na Síria. As operações de resgate contam com voluntários de todo o mundo, mas as dificuldades são muitas.

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Os membros da Equipa de Resposta a Desastres (DART) estão no ar a caminho da Turquia DR/VIRGINIA TASK FORCE 1

Numa altura em que o número de feridos e mortos na sequência do grande sismo registado na Turquia e na Síria na última segunda-feira não pára de aumentar, a complexa operação para resgatar os milhares de sobreviventes que ainda estão debaixo dos escombros​ conta já com o apoio de países de vários pontos do mundo. Japão, China, Rússia, Israel, Palestina, Coreia do Sul, Austrália, Nova Zelândia, Hungria, EUA, Alemanha, Portugal, Polónia, Coreia do Sul, Índia, Emirados Árabes Unidos, Ucrânia​ ou Paquistão são alguns países que fizeram questão de enviar aviões com ajuda humanitária e equipas de resgate ou de prometer dinheiro para apoiar na reconstrução.

Menos de 24 horas depois do desastre natural, já havia milhares de voluntários no aeroporto de Istambul à espera de voos para perto de Gaziantep, junto à fronteira: 13 mil seguiram em 73 aviões. Nos jornais, nas televisões e nas redes sociais fazem-se saber as histórias de sobrevivência, como a da criança síria que foi salva pelos capacetes brancos ou a família inteira retirada com vida das ruínas.

Mas não é fácil para quem está no terreno. As temperaturas abaixo de zero (em especial à noite), a chuva e a neve, as centenas de réplicas do sismo e as estradas cortadas por causa dos buracos que o tremor de terra abriu não ajudam ao sucesso da operação de resgate de um número indeterminado de vítimas que continuam presas no entulho.

“O tempo está extremamente frio e não temos comida”, conta Ali Ünlü, habitante de uma cidade remota no sudeste da Turquia, citado pelo The Guardian. “Já se passaram mais de 24 horas e minha mãe ainda está presa sob os escombros. Não sei se ela ainda está viva ou não. Os recursos são tão escassos”, acrescenta, queixando-se de que lhe parece haver falta de organização.

Ao mesmo jornal, o analista Gönül Tol, do Instituto do Oriente Médio, descreve, a partir de Washington. “As pessoas estão a tentar desenterrar os seus entes queridos presos sob os escombros. Está frio, está a chover e não há electricidade.”

A ajuda que chega

Este é o cenário com que se deparam as equipas locais e internacionais de resgate. Ainda nenhum organismo fez a contabilidade total das ajudas anunciadas, mas há informações descentralizadas. A União Europeia mobilizou mais de dez equipas para ajudar a Turquia no terreno.

Segundo um comunicado da Comissão Europeia, "equipas de buscas e resgate urbano foram rapidamente mobilizadas pela Bulgária, Croácia, República Checa, França, Grécia, Hungria, Malta, Países Baixos, Polónia e Roménia para apoiar os primeiros socorristas no terreno." O mesmo comunicado refere-se ao envio de equipas por parte da Itália, Espanha e Eslováquia.

Portugal, em concreto, prometeu enviar uma equipa de 53 elementos da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil, da Unidade de Emergência de Protecção e Socorro da GNR, do INEM e do regimento de sapadores dos bombeiros. A Hungria também se comprometeu a enviar 50 pessoas, incluindo cinco médicos, e dois cães. No caso da Alemanha, será enviado ainda nesta terça-feira, a partir de Colónia, um grupo de 50 operacionais (mais sete cães) especializados em localização e salvamento de vítimas soterradas.

Entre a Turquia e a Síria, já foram contabilizados mais de 5000 mortos, 20 mil feridos e um número indeterminado de vítimas debaixo dos escombros SUHAIB SALEM/Reuters
Estão em trânsito equipas de resgate de vários países, dos EUA a Portugal, algumas das quais já chegaram ao terreno PIROSCHKA VAN DE WOUW/Reuters
“As pessoas estão a tentar desenterrar os seus entes queridos presos sob os escombros. Está frio, está a chover e não há electricidade”, diz Gönül Tol DENIZ TEKIN/Lusa
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Entre a Turquia e a Síria, já foram contabilizados mais de 5000 mortos, 20 mil feridos e um número indeterminado de vítimas debaixo dos escombros SUHAIB SALEM/Reuters

Os EUA e o Reino Unido prometeram, respectivamente, duas equipas de resgate de 79 pessoas cada, e uma equipa de 76 especialistas no mesmo tipo do salvamento. O Paquistão e a Palestina também enviaram operacionais. A Indonésia avançou com ajuda humanitária. "A Turquia foi um dos primeiros a ajudar-nos durante o tsunami em Aceh, e também debatemos com o Presidente e com o ministro da Defesa o envio de uma missão humanitária", disse o vice-presidente do país Ma'ruf Amin.

Países como a Coreia do Sul, Taiwan, Austrália, Nova Zelândia ou China prometeram apoios financeiros.

E como nem só de operacionais ou dinheiro vive a ajuda à Turquia e à Síria, o Irão e o Iraque enviaram dois aviões com alimentos, cobertores e material médico (70 toneladas). Israel, por seu turno, alugou charters para fazer chegar ao terreno especialistas e equipamento, incluindo tendas, camas, roupa quente e comida.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, declarou o estado de emergência em dez províncias do país durante três meses.

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