Taiwan: delegação de opositores da Presidente Tsai visita China

Partido Comunista chinês saúda visita de membros do Kuomintang ao país. Nacionalistas da ilha reivindicada por Pequim apostam no regresso ao poder em 2024.

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A Presidente Tsai Ing-wen e o seu partido, o DPP, são considerados "secessionistas" por Pequim EPA/RITCHIE B. TONGO

Uma delegação composta por membros do Kuomintang (KMT), o histórico partido nacionalista chinês que está desde 2016 na oposição, em Taiwan, vai fazer uma visita oficial à China continental a partir de quarta-feira.

O encontro surge num dos períodos de maior tensão entre o Partido Comunista Chinês (PCC), que governa a República Popular da China desde 1949, e o Partido Democrata Progressista (DPP), de Tsai Ing-wen, a Presidente da ilha que Pequim reivindica como província chinesa.

Na sequência da visita da ex-presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taiwan, no Verão do ano passado, as Forças Armadas chinesas simularam um cerco ao território e têm batido vários recordes de violações do espaço aéreo taiwanês, com incursões constantes da sua aviação no Estreito de Taiwan.

Para além disso, o PCC e o Presidente chinês, Xi Jinping – que acusam Tsai e o DPP de serem “secessionistas” – têm insistido que a reunificação está mais próxima que nunca e sublinhado que nunca irão “renunciar ao uso da força” para alcançar esse objectivo.

Apesar de defender uma posição de maior proximidade com a China continental e de não abdicar de um cenário de reunificação, o KMT recusa ser pró-Pequim ou pró-PCC e diz que não se afasta muito da posição mais comum entre a classe política taiwanesa, que privilegia o statu quo.

Não obstante, o Global Times – jornal do PCC em língua inglesa – celebrou e enfatizou as “boas-vindas” do Governo chinês à visita da delegação do “partido pró-reunificação na oposição na região chinesa de Taiwan”.

Citado pela Reuters, o vice-presidente do KMT e líder da delegação, Andrew Hsia, explicou que haverá “trocas de impressões e diálogo com base na igualdade e na dignidade” e que estas vão “reflectir as mais recentes preocupações da população de Taiwan sobre a segurança do Estreito de Taiwan” e as suas “expectativas para a paz e a segurança regionais”.

Hsia e a restante comitiva, que inclui empresários taiwaneses, vão ser recebidos por Song Tao, líder do Gabinete para os Assuntos de Taiwan.

Com a popular Tsai impedida de se candidatar a um terceiro mandato nas eleições presidenciais do próximo ano, o KMT acredita que está muito perto de voltar ao poder.

Nas eleições locais de Novembro do ano passado, em que o DPP focou a sua campanha na “ameaça” de Pequim ao território, o KMT conseguiu uma vitória histórica, que levou a Presidente a demitir-se da liderança do partido.

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