Pequim critica “reacção exagerada” dos EUA ao abaterem balão chinês

Governo chinês diz que resposta norte-americana foi “uma grave violação das práticas internacionais” e insiste que o balão era de “natureza civil”.

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Curiosos fotografam o balão chinês em Surfside Beach, na Carolina do Sul Reuters/RANDALL HILL

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China manifestou este domingo o seu “firme descontentamento” pelo que considerou uma “reacção claramente exagerada” dos Estados Unidos após o abate do balão que sobrevoou o território norte-americano e reservou-se ainda o direito de dar as “necessárias respostas”.

A China criticou, em comunicado, “a insistência” por parte dos EUA em utilizar a força, que diz ser “uma grave violação das práticas internacionais”, alegando que o aparelho era de “natureza civil e entrou nos Estados Unidos por motivos de força maior, no que foi uma situação puramente acidental”.

“Pequim irá salvaguardar resolutamente os direitos e interesses legítimos das empresas envolvidas” no incidente, acrescentou a diplomacia chinesa, afirmando ter “pedido claramente aos EUA que tratassem a situação de forma adequada, calma, profissional e comedida”.

O Governo chinês sublinhou que pediu claramente aos Estados Unidos uma gestão “adequada, serena, profissional e moderada” da situação, citando as declarações do porta-voz do Departamento de Defesa, que admitiu na sexta-feira que o balão não representava uma ameaça militar.

Por sua vez, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, explicou que o aparelho estava a ser usado pelas autoridades chinesas para “monitorizar locais estratégicos no território continental dos Estados Unidos”, disse, citado pela CNN.

O Pentágono afirmou que o Presidente dos EUA, Joe Biden, deu autorização na quarta-feira para abater o balão “assim que a missão puder ser cumprida sem riscos indevidos para as vidas americanas sob a trajectória do balão".

“O Departamento de Defesa desenvolveu várias opções para derrubar o balão com segurança sobre as nossas águas territoriais enquanto monitorizava a sua rota e as actividades de recolha de informações”, acrescentou Austin, explicando que a operação foi realizada em coordenação com o Governo do Canadá.

Membros da Marinha e da Guarda Costeira dos EUA estabeleceram um perímetro na área onde o balão foi abatido, ao largo da Carolina do Sul, com o objectivo de recuperar os destroços do balão chinês.

“Mergulhadores da Marinha altamente treinados” participaram na operação, disse ainda o Pentágono, bem como “submarinos não tripulados destinados a recuperar a estrutura, elevá-la à tona e transferi-la para o navio de recuperação”.

O balão foi avistado pela primeira vez no céu sobre o estado do Montana no início da semana e sobrevoou o país seguindo os padrões climáticos, antes de deixar o território continental dos Estados Unidos neste sábado.

​Vários caças e aviões de reabastecimento estiveram envolvidos na operação de abate do aparelho, mas apenas um deles – um caça F-22 – disparou, atingindo o balão com um míssil AIM-9X. O balão caiu no Oceano Atlântco a cerca de 33 quilómetros da costa dos Estados Unidos.

Durante a semana, vários responsáveis militares tinham recomendado que o balão não fosse abatido enquanto sobrevoasse território norte-americano devido ao risco colocado pela queda dos destroços.

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