Morreu antigo Presidente do Paquistão Pervez Musharraf

Foi Presidente do Paquistão entre 2001 e 2008. Musharraf reuniu apoios, mas também ódios: a Al-Qaeda e outros extremistas islâmicos tentaram matá-lo pelo menos três vezes.

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Pervez Musharraf em 2008 Reuters/FRANCOIS LENOIR

O antigo Presidente do Paquistão Pervez Musharraf (2001-2008) morreu no Dubai, aos 79 anos, na sequência de doença prolongada, anunciou este domingo o exército e a missão diplomática paquistanesa nos Emirados Árabes Unidos.

Responsáveis militares "expressam sinceras condolências pela morte do general Pervez Musharraf", de acordo com um breve comunicado do gabinete de imprensa do exército. "Que Alá abençoe a alma do defunto e dê força à família enlutada." Também o primeiro-ministro, o Presidente da República e outros responsáveis políticos do Paquistão expressaram condolências.

Musharraf morreu num hospital do Dubai, emirado onde se encontrava desde 2016 após um exílio auto-imposto. O corpo do antigo Presidente será transportado para o Paquistão num voo especial, na segunda-feira, noticiou o canal de televisão local Geo News, citado pela Reuters.

O antigo general de quatro estrelas, que tomou o poder num golpe sem sangue em 1999, geriu o Paquistão numa altura em que o país alcançou crescimento económico e conseguiu alguma liberalização de costumes no país muçulmano conservador. Musharraf reuniu apoios, mas também ódios: a Al-Qaeda e outros extremistas islâmicos tentaram matá-lo pelo menos três vezes.

O uso do Exército para reprimir vozes dissidentes, a violação de direitos humanos e o seu apoio aos Estados Unidos na luta contra a Al-Qaeda e os taliban afegãos marcariam os anos em que foi Presidente.

Musharraf juntou-se à “guerra ao terror” de Washington, convocada após os atentados de 11 de Setembro de 2001, nos Estados Unidos, fornecendo às forças armadas americanas acesso por ar e terra ao Afeganistão, país vizinho do Paquistão onde estavam os militantes da Al-Qaeda identificados como autores daqueles ataques terroristas.

Esse apoio contrariou a velha política de apoio aos taliban por parte do Paquistão, o que levou a que Musharraf se tornasse um alvo para extremistas, ao mesmo tempo que perdia a popularidade entre os conservadores. Em 2007, declarou o estado de emergência, suspendeu a Constituição, mudou a chefia do sistema judicial e mandou encerrar canais de televisão independentes. Justificou estas medidas com a estabilização do país e o combate ao extremismo islâmico, mas foi criticado pelos Estados Unidos e activistas pró-democracia, lembra a CNN.

Sob pressão interna e externa, incluindo dos Estados Unidos, Musharraf levantou o estado de emergência e marcou eleições, que perdeu. Saiu do país, mas ainda voltaria, em 2013, com a intenção de se candidatar a novas eleições. Uma teia de casos judiciais relacionados com o seu mandato presidencial impediu esse sonho. Em 2019, foi condenado à morte por alta traição, sentença que seria depois anulada.

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