Mais um passo para melhorar o ensino da Matemática em Portugal

As Aprendizagens Essenciais agora homologadas foram produzidas na sequência de um extenso período de discussão de versões provisórias.

A homologação das novas Aprendizagens Essenciais (AE), para as diferentes disciplinas de Matemática do ensino secundário geral e profissional, representa uma contribuição para a melhoria do ensino de uma disciplina que é fundamental para o futuro dos jovens em Portugal.

O objetivo principal continua a ser o de conquistar todos os jovens alunos do ensino secundário para o estudo de uma das disciplinas de Matemática após terminarem o ensino básico e assim ficarem melhor apetrechados para uma plena cidadania no século XXI, no qual a Matemática desempenha um papel incontornável, quer os jovens entrem na vida ativa no final do ensino secundário, quer prossigam os seus estudos no ensino superior.

As AE agora homologadas foram produzidas na sequência de um extenso período de discussão pública de versões provisórias, em que foram promovidas sessões presenciais, sessões a distância e reuniões com associações científicas, com associações de professores e ainda com diversas entidades com ligação ao ensino.

Vai agora seguir-se um período intenso de formação de professores e de produção de recursos de apoio a alunos e professores. A partir do ano letivo de 2023/24 funcionarão turmas-piloto, generalizando-se estas AE a todas as escolas a partir de 2024/25.

A discussão pública das AE permitiu repensar e melhorar, no geral e nalguns detalhes, muitas partes dos documentos em discussão pública. As propostas para Matemática B, Matemática Aplicada às Ciências Sociais (MACS) e os módulos de Matemática do Profissional reuniram um consenso alargado. Já na Matemática A houve maior diversidade de opiniões, e daí resultou que temas como a Geometria Analítica no 10.º ano e os Números Complexos no 12.º ano fossem significativamente alterados e aproximados das suas configurações consideradas clássicas.

A discussão pública também permitiu reforçar algumas ideias das propostas iniciais, como a de iniciar todos os programas com uma componente que destaca aspetos da Matemática relevantes na formação para a cidadania. Também se reforçou a incorporação, de forma tão adequada quanto possível, das aplicações e da modelação matemática com recurso às ferramentas do pensamento computacional, bem como se considerou um lugar destacado para os temas de Probabilidade e Estatística. O papel do pensamento computacional nas disciplinas de Matemática foi clarificado, para ficar mais visível a valorização desta abordagem conceptual na resolução de problemas de Matemática.

As novas AE têm como ponto de honra a sua exequibilidade. Foram dimensionadas de modo a que sejam concretizáveis numa turma comum; sendo que com alunos que revelem especiais dificuldades será indispensável avançar com as medidas de apoio gerais previstas na legislação. Foi também adicionada uma possível distribuição dos tempos letivos pelos diversos tópicos das AE, para ajudar a clarificar o que se pretende com as AE em termos de extensão e profundidade, tomando como referência vinte e oito semanas letivas, num total de trinta e duas ou trinta e três semanas previstas usualmente no calendário escolar. As AE, concentrando-se no que é essencial e exequível, não são limitadoras do que se pode fazer no ensino secundário. Todos os temas incluem possíveis aprofundamentos, que podem ser trabalhados conforme o tempo disponível e as condições de cada turma.

Outro aspeto que foi mantido na versão final foi o de haver três temas opcionais no 12.º ano de Matemática A. Pelo menos um deles terá de ser trabalhado com os alunos, mas caso haja tempo disponível ou se os alunos se mostrarem interessados, poderão ser lecionados dois dos temas opcionais ou mesmo os três. Fica assim garantido um mínimo essencial para todos os alunos, podendo ir-se mais além se tal for possível, com ganhos futuros para os alunos.

A equipa que elaborou as propostas, acompanhou a discussão pública e concebeu a proposta final, constituída por dois matemáticos, uma estatística, dois educadores matemáticos e nove professores do ensino secundário de todo o país, está consciente e orgulhosa dos documentos produzidos e acredita que virão a proporcionar condições favoráveis a uma melhoria do ensino das aprendizagens de Matemática em Portugal. Esta equipa está convencida que, num futuro próximo, todos os jovens alunos do ensino secundário português poderão estudar Matemática relevante de acordo com as suas legítimas expectativas, formando-se assim melhores cidadãos no nosso país.

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