Cartas ao director

“Repower the school”

É o momento ideal e inadiável para começar a fixar docentes e suprir a catadupa de reformas que se avizinha. Apenas com três medidas poderá resolver-se milhares de descontentamentos: 1. O número de vagas a definir para os novos quadros de zona pedagógica (QZP) deverá ser generoso, o que permitirá majorar os dez mil quadros anunciados e criar oportunidade da colocação pretendida a muitos docentes; 2. Se o Governo faz finca-pé do tempo de serviço congelado, pelo menos deve abolir as quotas que só criam mau ambiente nas escolas; 3. Criar um documento objectivo e inequívoco que previna os favorecimentos e defina a gestão dos docentes em QZP sem a intervenção de autarquias. O esforço financeiro exigido terá de ser feito mais tarde ou mais cedo. Que se faça já e serão resolvidos sem mais dilações vários factores de conflito que fragilizam a escola e os seus agentes. Já é tempo de renovar o poder que a escola tem perdido, deferir-lhe a dignidade e colocá-la ao serviço de uma formação integral e consequente.

José M. Carvalho, Chaves

E as crianças, senhores?

A greve, no seu conceito geral, é feita por trabalhadores contra o seu empregador, provocando-lhe quebra de rendimentos. As fábricas e as actividades económicas param. Tem lógica esta causa-efeito quando o prejuízo fica em quem tem o poder de atender às reivindicações.

Depois, há as greves dos serviços públicos, em que os principais prejudicados não são as entidades patronais, mas sim inocentes cidadãos, tomados como reféns numa disputa que não lhes diz respeito. Podem ter grande impacto mediático, pela desordem causada, mas há aqui alguma perversidade e o bom senso devia limitar a sua frequência e duração.

Por estes dias, assistimos a prolongadas greves no sector do ensino, em que os reféns não são cidadãos que podem perder um dia de trabalho por falta de transporte. São estudantes, com um currículo já fragilizado pelos efeitos da pandemia, e que podem perder algo dificilmente recuperável.

Não me cabe aqui desenvolver considerações sobre justezas e injustiças. Apenas referir que este extremar de posições e a falta de vontade/capacidade de encontrar uma solução razoável ou, pelo menos, decretar tréguas de negociação são uma pesada irresponsabilidade. A migração, apenas de quem pode, para o sector privado, a fim de garantir formação de qualidade aos seus filhos, é uma consequência natural e uma brutal injustiça. Põe em causa o princípio da igualdade de oportunidades, algo que deveria ser garantido na teoria e na prática.

Carlos J.F. Sampaio, Esposende

Estou disponível, caro António Costa

Caro sr. primeiro-ministro, escrevo-lhe esta carta que vai pelos jornais, uma vez que desconheço o seu endereço. Quem lhe escreve é um cidadão sem filiação partidária, mas cada dia mais preocupado com o que ouve e lê sobre o Governo de V. Exa. Confesso que não ouço, nem leio muito, mas o pouco que chega (sans blague) ao meu conhecimento já me preocupa bastante como cidadão amante da paz social e do bem-estar e felicidade dos meus concidadãos.

Segundo oiço, tem V. Exa. tido alguma dificuldade em preencher e manter nos seus lugares, de forma continuada, ministros, secretários de Estado e altos cargos da administração pública. V. Exa bem os nomeia e sua excelência o sr. Presidente da República bem lhes dá posse apenas para, dias depois, se demitirem ou serem demitidos por ter sido encontrado esqueletos nos seus (deles) armários.

Admito que cada nomeação que faz reduza o número de eventuais elegíveis e esteja com problemas de falta de "matéria-prima". É por isso que venho aqui manifestar a minha disponibilidade para ocupar um daqueles cargos em qualquer ministério que precise. Não saberei muito da matéria sobre o que lá se governa, mas cuido, pelo que oiço, que tal não seja óbice. E prometo fazer o meu melhor e dedicar-me à causa, qualquer que ela seja.

E, quanto a esqueletos, saiba V. Exa. que sou de toda a confiança. Agora mesmo, antes de lhe escrever, vasculhei todos os armários cá em casa, vi prateleiras, gavetas, e esqueletos nem um, nada, zero, juro. Confiante de que não deixará de aproveitar a minha oferta, fico, com interesse, aguardando as suas prezadas notícias.

Jorge Mónica, Parede

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