Santander Portugal quase duplica lucros para 568 milhões em 2022

A redução dos custos, num ano em que já não teve tantos encargos com o processo de reestruturação, impulsionou os lucros de 2022.

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Pedro Castro Almeida, presidente executivo do banco Santander em Portugal LUSA/TIAGO PETINGA

O Santander Portugal reportou resultados líquidos de 568,5 milhões de euros em 2022, valor que representa um aumento de superior a 90% face aos lucros de 298,2 milhões que tinham sido alcançados no ano anterior. A justificar este crescimento acentuado está o custo extraordinário de quase 165 milhões de euros com o plano de reestruturação que o banco fez em 2021 e que já não se repetiu no ano passado.

Os resultados do Santander foram anunciados esta quinta-feira, em conferência de imprensa. "Os resultados que apresentamos hoje são muito bons", resumiu o presidente executivo do banco, Pedro Castro Almeida, salientando o desempenho das equipas do banco. Isto, num ano em que o número de trabalhadores voltou a sofrer uma redução, passando de 4805 trabalhadores em 2021 para 4644 pessoas em 2022.

Os lucros foram alcançados apesar das ligeiras quedas registadas na actividade comercial. No final de 2022, a carteira de crédito total do Santander ascendia a 43,3 mil milhões de euros, o que representa uma redução de 0,3% em relação ao ano anterior, explicada pela quebra de 3,8% da carteira de crédito a empresas, que totalizou 15.421 milhões de euros.

Em sentido contrário, o crédito a particulares cresceu mais de 5% e ascendeu a 25.290 milhões de euros. Considerando apenas o crédito à habitação, a carteira de crédito cresceu 5,5% e totalizou 23.117 milhões de euros.

Ainda no que diz respeito ao crédito, o Santander reduziu o rácio de crédito malparado de 2,3% em 2021 para 2% no final do ano passado. Assim, o banco não regista, para já, um agravamento do incumprimento no crédito, apesar do agravamento do contexto macroeconómico e subida das taxas de juro.

"Apesar da alteração de contexto, patente na subida das taxas de juro Euribor e consequente aumento do custo do crédito, bem como na aceleração da inflação, a economia manteve-se dinâmica durante o ano de 2022, com uma situação de pleno emprego, materializada na estabilidade da taxa de desemprego em redor de 6%, ao longo do ano. Este factor contribuiu para que, apesar do complexo contexto económico, não se observasse um impacto perceptível sobre a qualidade da carteira de crédito", justifica o banco.

Também os recursos do Santander registaram uma deterioração no ano passado. No final de 2022, os depósitos de clientes totalizavam 38.506 milhões de euros, mais 0,2% do que no ano anterior, mas os recursos relativos a fundos de investimento geridos ou comercializados pelo Santander caíram mais de 14% e totalizaram 3623 milhões de euros. Assim, os recursos totais de clientes recuaram 2,4% e ascenderam a 45.777 milhões de euros.

Com as quedas do lado comercial, foi a parte operacional que mais contribuiu para os resultados do banco. Desde logo, os custos operacionais reduziram-se em mais de 8% no ano passado, totalizando 486 milhões de euros.

Já a margem financeira cresceu mais de 7% e ascendeu a 782,9 milhões de euros, uma evolução explicada, sobretudo, pela subida das taxas de juro. "A recuperação decorreu da alteração do contexto de taxas de juro, com as medidas de política monetária implementadas pelo Banco Central Europeu, em termos de subida da taxa de juro da facilidade de depósito, que tinha permanecido em terreno negativo durante todo o primeiro semestre", explica o Santander, ressalvando que o "contexto comercial bastante competitivo continuou a pressionar em baixa os spreads de crédito".

Já as comissões líquidas cresceram mais de 10% e totalizaram 470,3 milhões de euros, um crescimento justificado pela "recuperação económica".

Apesar destas melhorias, o produto bancário acabou por se fixar em 1291 milhões de euros, uma queda de 2% que é explicada pela redução dos resultados em operações financeiras, que caíram quase 80% face a 2021, "quando tinham atingido um valor muito elevado, fruto da gestão da carteira de títulos".

Quanto à liquidez e solvabilidade, o Santander fechou 2022 com um rácio de common equity tier 1 de 16,5%, uma forte queda em relação aos 25,2% que eram registados no final do ano anterior. Este movimento é explicado pelo facto de, no ano passado, o Santander ter voltado a distribuir dividendos à casa-mãe, uma prática que esteve proibida pelo regulador durante o período da pandemia.

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