BCE sobe taxas de juro em mais 0,5 pontos percentuais

Banco Central Europeu cumpre expectativas dos mercados com mais uma subida de taxas, para 3%, e avisa que em Março será feito um movimento semelhante.

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Christine Lagarde, presidente do BCE Reuters/WOLFGANG RATTAY

Sem surpresa, o Banco Central Europeu (BCE) não abrandou o ritmo a que está a restringir a sua política monetária para combater a inflação e, esta quinta-feira, voltou a subir as taxas de juro de referência na zona euro em 0,5 pontos percentuais, alertando que irá fazer o mesmo em Março, na sua próxima reunião. Uma medida já antecipada e que se reflecte nos custos suportados pelas famílias e empresas portuguesas nos seus empréstimos.

De acordo com o comunicado publicado pelo BCE no final de mais uma reunião do conselho de governadores realizada esta quinta-feira em Frankfurt, a taxa de juro de refinanciamento (aquela a que o banco central empresta dinheiro no curto prazo aos bancos comerciais) passou para os 3%, enquanto a taxa de juro de depósito (aquela que a que são remunerados os depósitos que os bancos comerciais fazem no banco central) subiu para os 2,5%.

Estas taxas de juro têm vindo, desde Julho do ano passado, a ser elevadas pelo BCE numa tentativa de, ao restringir o acesso ao crédito na economia, arrefecer a procura e limitar as pressões inflacionistas.

Durante vários anos, e até ao passado mês de Julho, as taxas de refinanciamento e de depósito do BCE estiveram situadas em zero e -0,5%, respectivamente. Desde aí, em todas as reuniões realizadas, a instituição liderada por Christine Lagarde subiu as taxas de juro. Na última reunião, em Dezembro, a subida tinha sido também de 0,5 pontos percentuais.

A nova subida de 0,5 pontos percentuais decidida esta quinta-feira já era largamente esperada pelos analistas e outros agentes dos mercados.

A própria presidente do BCE tinha deixado claro, no final da reunião anterior, que o banco central ainda iria realizar várias subidas de taxas de juro semelhantes. Nem a descida da taxa de inflação na zona euro a que se tem assistido dos nos últimos meses, nem o facto de a Reserva Federal norte-americana (que já tem as suas taxas perto de 5%) ter abrandado o ritmo de subidas, na reunião desta quarta-feira, fez o BCE mudar de rumo.

Pelo contrário, os responsáveis do BCE fizeram questão de deixar claro, no comunicado publicado esta quinta-feira, que continuam a pretender "subir significativamente as taxas de juro a um passo regular, mantendo-as a níveis que são suficientemente restritivos para garantir um regresso atempado da inflação ao seu objectivo de médio prazo de 2%”. A inflação na zona euro foi, em Janeiro, de 8,5%.

Para além disso, o banco central não deixa dúvidas sobre o que irá acontecer a seguir. O comunicado acrescenta que “o conselho de governadores pretende subir as taxas de juro em mais 0,5 pontos percentuais na sua próxima reunião de Março”, assinalando que depois irá “avaliar os passos subsequentes”.

As taxas de juro que o BCE define têm um reflexo directo no valor das taxas de juro que depois são suportadas pelas famílias e empresas na zona euro. É por isso que, nos últimos meses, se tem assistido a subidas significativas no valor das taxas Euribor, que servem de indexante para a maior parte dos empréstimos concedidos em Portugal.

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