Cumpridos serviços mínimos nas escolas do Algarve, protestos suaves

As escolas de Faro e Portimão estão a funcionar, com alguns professores a fazerem protestos à entrada dos estabelecimentos de ensino

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No Algarve as escolas estão a cumprir os serviços mínimos Duarte Drago

“Sou professora, não sou do Stop.” Palmira Ferreira liderou o grupo de cerca de 40 professores que se manifestou frente ao agrupamento de escolas de Faro, Pinheiro e Rosa. O protesto, acompanhado de música, fez-se ouvir a quem passava pela estrada próxima, sem motivar adesões de protesto ou solidariedade.

Tal como estipula a lei da greve, foram cumpridos os serviços mínimos em todas as escolas da região, que tem sido uma das mais afectadas pela paralisação dos professores e pessoal não docente, apurou o PÚBLICO.

Professora de Matemática há 27 anos, Palmira Ferreira começa por referir os casos de precariedade dos colegas - uma questão, destaca, “que não devia já estar a ser discutida, a dos colegas que andam 20 anos com a casa às costas”. O foco está em tudo o resto que consta do caderno reivindicativo. “Se estivesse na Madeira ou nos Açores, estaria com dois escalões à frente na carreira, porque aí é contado todo o tempo de serviço.”

Sobre os pais e encarregados de educação que dizem “compreendo a greve, mas…”, responde: “Se não houver um mas, não estamos a ter poder reivindicativo.” O que faz os professores virem para a rua é a “ falta de perspectivas de carreira na profissão”, enfatiza, revelando: “Pela primeira vez tenho um aluno que ser professor de Matemática, coisa rara.”

Na escola do 2.º e 3.º ciclo de Santo António, pertencente ao agrupamento João de Deus (antigo Liceu de Faro), Guiomar Figueiredo, docente de Educação Visual, diz: “Fiz greve na semana passada, mas já não faço. Os alunos estão com dificuldades de aprendizagem, precisam de ser ajudados.”

A auxiliar de educação que recebe os alunos ao portão, Fátima Costa, tem outra justificação: “Agora não faço greve, porque custa levar o corte salarial e o no fim do mês pesa.” Sobre os não docentes, além do salário reduzido, destaca o trabalho: “Não é fácil lidar com os miúdos.”

Mas não é tudo: “Saio da portaria às 5h00 da tarde, e a seguir ainda tenho de ir limpar duas salas e um gabinete. Somos poucos e há três colegas que estão de baixa”, justifica.

A ouvir a conversa, Pamela, uma aluna, diz: “A minha avó diz que as greves já são demais.” Não foi às aulas, porque me faltou material: “A minha avó vem trazer-me o estojo”, esclarece. No agrupamento João de Deus, que engloba cinco escolas (2200 alunos), disse ao director, Carlos Luís, “a greve não se fez sentir, está tudo a funcionar normalmente”. Na escola EB2,3, “Dr. José Neves Júnior”, 700 alunos, também se verificou a mesma situação.

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