Professores lideram uma das maiores greves em mais de uma década no Reino Unido

Entre professores, funcionários públicos, serviços fronteiriços e maquinistas, adesão à greve supera o meio milhão de pessoas. Cerca de 85% das escolas fecharam total ou parcialmente.

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Piquete de greve no Kings College, em Londres EPA/NEIL HALL

Mais 500 mil pessoas aderiram esta quarta-feira a uma das maiores greves generalizadas em mais de uma década no Reino Unido, e que envolve professores, funcionários públicos, membros dos serviços de fronteira e maquinistas e outros funcionários do sector dos caminhos-de-ferro.

Os participantes na chamada “Walkout Wednesday” exigem aumentos salariais e medidas compensatórias ao Governo de Rishi Sunak para responder à mais elevada inflação em quatro décadas (acima dos 10%) e ao aumento brutal do preço dos bens alimentares e das facturas energéticas.

Com cerca de 300 mil participantes, segundo os números divulgados pelos principais sindicatos do sector, são os professores que lideram a greve.

Segundo o sindicato National Education Union (NEU), que organizou a paralisação, 85% das escolas de Inglaterra e do País de Gales estão totalmente ou parcialmente encerradas.

Em Julho do ano passado, o Governo britânico anunciou aumentos salariais entre os 5% e os 8,9%, a partir de Setembro, mas os sindicatos de professores argumentam que a subida de preços tornou esses aumentos insuficientes.

De acordo com o Institute for Fiscal Studies, o salário de um professor em Inglaterra caiu em média 11%, entre 2010 e 2022. O objectivo do executivo é que o salário inicial de um professor suba até às 30 mil libras (cerca de 33,9 mil euros) por ano a partir de Setembro deste ano.

Em declarações aos deputados, esta quarta-feira, no debate semanal na Câmara dos Comuns, o primeiro-ministro britânico disse que os professores “tiveram o maior aumento salarial em 30 anos” e criticou a greve.

“A educação das nossas crianças é preciosa e elas mereciam estar na escola, a ser ensinadas”, lamentou Sunak, apontado o dedo ao Partido Trabalhista. “E o partido na oposição faria bem se dissesse que estas greves são erradas. Devíamos estar a apoiar os nossos estudantes.”

A greve dos professores – a primeira desde 2016 e que também inclui alguns professores da Escócia que fazem parte do sindicato Educational Institute of Scotland – e as várias greves dos profissionais de outros sectores que aderiram à “Walkout Wednesday” consubstanciam a maior paralisação nacional, em termos de participação, desde 2011, quando os sindicatos contestavam o programa de austeridade imposto pelo Governo de David Cameron.

As greves fazem, no entanto, parte de uma onda generalizada deste tipo de protestos, iniciada em Dezembro do ano passado – e que vai continuar durante este mês de Fevereiro –, que incluiu profissionais dos sectores da saúde, dos transportes e dos correios, entre outros.

Para além das críticas sobre a resposta à crise económica e energética que afecta o Reino Unido, o Governo de Sunak também está debaixo de fogo por causa do projecto de lei que apresentou no Parlamento para reforçar os serviços mínimos em situações de greve.

Esta quarta-feira, a secretária-geral do Trades Union Congress, Kate Bell, admitiu processar judicialmente o executivo conservador por causa de uma lei que diz ser “desnecessária, injusta e quase de certeza ilegal”.

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