Independentistas de esquerda e socialistas catalães chegam a acordo sobre orçamento da Catalunha

Após a ruptura do bloco independentista, governo minoritário da ERC encetou negociações com o PSC. “Não é um acordo de legislatura”, garantem os dois partidos.

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Pere Aragonès, da ERC, é o presidente do governo catalão ALBERT GEA/Reuters

A Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), que dirige um governo catalão minoritário no parlamento de Barcelona, e o Partido Socialista Catalão (PSC), o maior partido da oposição, anunciaram esta quarta-feira um acordo para a aprovação do orçamento da região autonómica espanhola, ao fim de quase três meses de duras negociações.

O acordo confirma a ruptura, aparentemente definitiva, do sistema de confronto entre blocos – independentistas contra constitucionalistas – que marcou quase uma década na política catalã, e que começou a ruir quando o Juntos pela Catalunha (Junts), o partido de centro-direita do ex-presidente da Generalitat Carles Puigdemont abandonou o executivo, em Outubro do ano passado.

Para além disso, parece ser mais um sinal de aproximação entre a ERC e o Partido Socialista (PSOE), de Pedro Sánchez, que também é minoritário no Congresso dos Deputados, em Madrid, e que depende de acordos com partidos mais pequenos para aprovar leis importantes ou o próprio Orçamento do Estado.

Na mira dos críticos, nomeadamente da direita espanhola, está, por exemplo, a recente reforma do Código Penal, que eliminou o crime de sedição e reduziu as penas por desvio de fundos públicos, o que foi entendido pela oposição ao Governo de Espanha como uma cedência de Sánchez aos líderes independentistas catalães acusados e condenados por causa do envolvimento no referendo soberanista, considerado ilegal pela Justiça, e na declaração secessionista no parlament, em 2017.

Salvador Illa, líder do PSC – o partido mais votado nas eleições regionais catalãs de 2021 –, garantiu, ainda assim, que a solução encontrada para a aprovação do orçamento da Generalitat não é um acordo de legislatura.

“Este é o exemplo mais palpável daquilo que consideramos ser uma política útil. Com este acordo, a Catalunha passa da inércia para a acção”, afirmou o socialista.

“Este acordo não é um acordo de legislatura. Não é”, insistiu, citado pelo La Vanguardia. “É um acordo relevante a pensar na Catalunha e não é mais do que isso; é um acordo de orçamento num momento muito complexo para a Catalunha.”

“Não é um pacto de legislatura”, corroborou Laura Vilagrà, conselheira (ministra) da presidência do governo catalão, assumindo, ainda assim, que o “objectivo” da ERC e do chefe do governo, Pere Aragonès, é “cumprir a legislatura até ao fim”, ou seja, até 2025.

O acordo entre socialistas e republicanos inclui a “modernização” do aeroporto de El Prat, de Barcelona, e a construção de mais um troço da importante via rodoviária circular B-40. Além disso, implica o maior investimento público em quase dez anos, num total de 41 mil milhões de euros.

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