Bolsonaro reúne apoiantes em Orlando e garante: Governo de Lula “não vai durar muito tempo”

Ex-Presidente brasileiro criticou e demarcou-se da invasão de Brasília, mas disse que há “muita gente sendo injustiçada lá”. “Aquilo não é terrorismo pela nossa legislação”, defendeu.

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Bolsonaro reuniu apoiantes em Orlando Reuters/JOE SKIPPER
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Bolsonaro reuniu apoiantes em Orlando Reuters/JOE SKIPPER
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Bolsonaro reuniu apoiantes em Orlando Reuters/JOE SKIPPER

No primeiro evento público desde que saiu do Brasil, no final do ano passado, rumo aos Estados Unidos, o ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro disse a um grupo de apoiantes reunidos em Orlando, na Florida, que o Governo do seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva, “não vai durar muito tempo”.

“Pode ter certeza, em pouco tempo teremos notícias. Por si só, se esse Governo [Lula] continuar na linha que demonstrou nesses primeiros 30 dias não vai durar muito tempo”, afiançou, num evento organizado na terça-feira à noite pelo grupo Yes Brazil USA.

Citado pela Folha de S. Paulo, Bolsonaro mostrou-se confiante na oposição que o movimento político que liderou nos últimos anos vai fazer a Lula e ao Partido dos Trabalhadores.

“Acredito que tenha deixado muitas lideranças pelo Brasil. Tem muita gente boa que está chegando no Congresso, que se elegeram para o executivo. Tem [eleições municipais em] 2024 pela frente, 2024 é muito importante”, afirmou.

O ex-Presidente voltou a lançar dúvidas sobre o resultado das eleições presidenciais de Outubro, que perdeu para Lula, dizendo que era mais popular no ano passado do que foi em 2018, ano em que foi eleito para o cargo. “A gente fica com uma interrogação na cabeça”, atirou.

E mesmo não revelando se pretende recandidatar-se à presidência em 2026, Bolsonaro deixou uma garantia: “Não podemos abandonar a política. A política faz parte das nossas vidas. Eu estou com 67 anos e pretendo continuar activo na política brasileira.”

Na sua intervenção, o antigo chefe de Estado voltou a demarcar-se da invasão e dos ataques de apoiantes seus ao Congresso, ao Palácio do Planalto e ao Supremo Tribunal Federal, no dia 8 de Janeiro, e pelos quais vai ser investigado, enquanto potencial instigador e autor intelectual.

Ainda assim, não deixou de afirmar que há muitas pessoas que participaram na invasão de Brasília que estão a ser “injustiçadas”.

“A gente lamenta o que alguns inconsequentes fizeram no 8 de Janeiro. Aquilo não é a nossa direita. Não é o nosso povo. [Mas tem] muita gente sendo injustiçada lá. Aquilo não é terrorismo pela nossa legislação. Tem gente que, sim, tem que ser individualizada, por invasão, [por] depredação; e cada um que pague por aquilo que fez”, defendeu.

Bolsonaro encontra-se nos EUA desde o dia 30 de Dezembro do ano passado, tendo falhado a tomada de posse de Lula, quebrando a tradição de passagem da faixa presidencial entre presidentes.

Pouco depois do ataque aos “Três Poderes”, em Brasília, garantiu que pretendia antecipar o seu regresso, mas, na terça-feira, dizendo que tem “muita saudade” do Brasil, confirmou, ainda assim, que pediu um visto de turista para “ficar por mais algum tempo” em Orlando – na véspera, os seus advogados tinham dito que pretende permanecer nos EUA “por alguns meses”.

Os planos imediatos de Bolsonaro passam por discursar em eventos nos EUA com apoiantes seus na diáspora e por participar em conferências organizadas ou patrocinadas por movimentos políticos e civis ligados à extrema-direita norte-americana.

Carlos Bolsonaro, filho do ex-Presidente brasileiro, anunciou na terça-feira que o pai vai marcar presença num evento na sexta-feira, em Miami, organizado pela Turning Point USA, uma organização fundada pelo radialista e activista político de extrema-direita Charlie Kirk, que promoveu o protesto trumpista que culminou com a invasão do Capitólio, em Janeiro de 2020, e que é suspeita de ter financiado o transporte de centenas de manifestantes para Washington D.C.

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