Projeto “Bauhaus do Mar” arranca em Lisboa para reimaginar cidades e pensar futuro

Em Lisboa, ao longo destes dois dias os parceiros do projecto, agentes nacionais e convidados das outras cidades europeias envolvidas irão apresentar e debater abordagens para as cidades costeiras.

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Pretende-se mostrar o que se pode fazer para reimaginar a relação com os cursos de água, como o mar, os rios e lagos Miguel Manso

A criação de projectos que promovam uma consciência ecológica na reimaginação das cidades para um futuro sustentável e inclusivo está no centro do "Bauhaus do Mar", iniciativa europeia que começa nesta quarta-feira em Lisboa.

O evento desta quarta e quinta-feira é o arranque do projecto "Bauhaus do Mar" (Bauhaus of the Sea Sails, em inglês), o único projecto-farol liderado por Portugal e financiado pela União Europeia no âmbito do Novo Bauhaus Europeu, indicou a organização à agência Lusa.

De acordo com dois dos coordenadores - o designer Frederico Duarte e a arquitecta Mariana Pestana - o projecto será implementado por 18 parceiros da União Europeia (UE) nos próximos três anos, visando mediar iniciativas e criar sinergias entre elas, para que sejam implementadas e divulgadas.

"Os objectivos destes projectos têm em comum o facto de promoverem uma forma de viver mais sustentável, mais bela e mais em comunidade", salientou Frederico Duarte em declarações à Lusa, num intervalo da primeira sessão do encontro, a decorrer hoje no Hub Criativo do Beato, e, na quinta-feira, na Fundação Calouste Gulbenkian.

Menus com alimentos regenerativos que combatem a poluição, mobiliário urbano feito a partir de crustáceos e algas, ou a criação de corais artificiais para a protecção da costa e promoção da biodiversidade são algumas das propostas inovadoras do projecto.

O "Bauhaus do Mar" é um dos seis projectos-farol do Novo Bauhaus Europeu, iniciativa da Comissão europeia iniciada em 2020, de carácter criativo e interdisciplinar.

No ano passado, o Novo Bauhaus Europeu lançou os projectos-farol, financiados com cinco milhões de euros cada, para juntar consórcios de parceiros entre os estados-membros.

Em Lisboa, ao longo destes dois dias os parceiros do projecto, agentes nacionais e convidados das outras cidades europeias envolvidas - Roterdão, Veneza, Hamburgo, Malmo, Génova e Oeiras - irão apresentar e debater abordagens para as cidades costeiras, segundo a organização.

O programa inclui demonstrações, exposições e performances para um futuro mais sustentável e inclusivo, contando com intervenções de entidades como a tecnológica Famstudio, o Atelier Luma, dedicado à aprendizagem e conhecimento, o Instituto Max Planck de Comportamento Animal e a Climavore, projecto dedicado à alimentação humana adaptada à protecção do clima.

"Todas as iniciativas dos parceiros e agentes destes projectos vão mostrar o que se pode fazer para reimaginar a relação com os cursos de água, como o mar, os rios e lagos", sublinhou Mariana Pestana.

O projecto é interdisciplinar, cruzando as áreas da arquitectura, design, arte, tecnologia e ciência, procurando reimaginar a forma como as cidades costeiras se relacionam com o território líquido.

Ambos os coordenadores do Instituto Superior Técnico (IST) sublinharam que este é o primeiro projecto-farol a ser coordenado por um país do sul da Europa, "portanto Portugal está na linha da frente".

Coordenado pela capital portuguesa, a partir do IST, o "Bauhaus do Mar" tem como parceiros nacionais a Fundação Calouste Gulbenkian, a Câmara Municipal de Lisboa e a Câmara Municipal de Oeiras, das duas cidades envolvidas.

Neste evento de dois dias estarão reunidos todos os parceiros do projecto, que vêm a Lisboa para colocar em marcha a metodologia com a qual vão trabalhar, "num trabalho que inclui mapear, divulgar e estimular a pesquisa".

Com três anos de actividade, o projecto irá primeiro fazer uma auscultação, e desenvolverá em seguida iniciativas promotoras dos objectivos, nomeadamente a criação de um Fórum do Mar, no qual um grupo de cidadãos de cada cidade se dedicará a sensibilizar para a consciencialização de um futuro mais sustentável.

"Esta é uma ideia fundamental do projecto: a inclusão e como podemos ser sustentáveis de forma inclusiva, descentrando o humano. No futuro, temos de fazer objectos, criar práticas e cidades não só para as pessoas e as comunidades, mas também para os ecossistemas. É toda uma consciência ecológica de promoção da biodiversidade", vincou Mariana Pestana à Lusa.

Os coordenadores indicaram que estão abertos a ideias e projectos que estejam a acontecer em escolas, universidades, ateliês de arquitectos, "designers" e artistas, e que podem ser apresentadas através do sítio https://bauhaus-seas.eu/pt/.

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