A última batalha de José Lopes

Um filme sobre o modo como a guerra colonial se enquistou no nosso corpo, qual tumor oculto, qual furúnculo nunca lancetado.

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O tom do filme é este: onírico, como uma deambulação sonâmbula entre ruínas. Guerra só fraqueja quando envereda por um certo didactismo. No resto do tempo, é magnífico

O que queremos fazer da memória, nós, portugueses e europeus? O que queremos fazer do passado? Queremo-lo decorativo, turístico, envernizado? Queremo-lo nos museus? Ou queremo-lo em carne viva, a povoar-nos os sonhos maus? E o que queremos fazer dos portadores desse passado, dos velhos, dos nossos pais e dos pais dos outros? Queremo-los calados, sossegados, longe da vista, para não desfearem a paisagem e não atrapalharem a nossa pressa quotidiana? Ou queremo-los a importunarem-nos com as suas histórias intermináveis, repetitivas, maçadoras? Seremos capazes de os tratar como iguais? Guerra é um filme sobre a memória de Portugal, sobre o modo como a guerra colonial se enquistou no nosso corpo, qual tumor oculto, qual furúnculo nunca lancetado. É um filme sobre a dor surda das coisas que ficam por dizer.

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