Brilhante Dias diz que, se tivesse sido convidado, não iria à convenção do Chega

Apesar de ter uma posição diferente, líder da bancada do PS compreende a ida da ministra dos Assuntos Parlamentares, não vendo nisso qualquer lógica de normalização do partido de extrema-direita.

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Eurico Brilhante Dias lidera a bancada parlamentar do PS Nuno Ferreira Santos

O líder da bancada parlamentar do PS declarou nesta segunda-feira que, se tivesse sido convidado para assistir ao encerramento da V Convenção Nacional do Chega, que decorreu neste fim-de-semana, em Santarém, não teria ido. Mas explicou que o Governo esteve presente, porque “tem responsabilidades institucionais perante um partido com representação parlamentar e que tem direitos de oposição”.

Foi por essa razão que o Governo foi representado pela ministra dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, justificou o líder parlamentar. “A senhora ministra disse de forma clara que tinha sido um discurso de ódio e distanciou-se absolutamente de qualquer intervenção que tenha ocorrido. Eu acho que mais claro do que ela foi era impossível”, afirmou Eurico Brilhante Dias, no Porto, antes de iniciar uma visita à Fundação de Serralves.

“Sempre que o Governo é convidado e estão em causa representações institucionais de partidos com assento parlamentar, o Governo tem ido e, por isso, seguramente com grande sacrifício, a senhora ministra foi”, reiterou o líder parlamentar do PS, frisando que a “linha vermelha” que o partido estabeleceu relativamente ao Chega “não se moveu um milímetro”.

Questionado sobre as críticas da ex-eurodeputada do PS Ana Gomes, que viu na presença da ministra “uma lógica perversa de normalizar o Chega”, Eurico Brilhante Dias contrapôs que “não é o PS que normaliza [o Chega], ou o Governo e muito menos o grupo parlamentar do PS. Quem tem ajudado a normalizar o comportamento desse partido extremista, anti-sistema democrático, populista, de extrema-direita tem sido quem tem feito acordos com o Chega”, aludindo ao PSD.

“Quem tem feitos acordos com o Chega nos Açores, quem tentou viabilizar a eleição de um vice-presidente para a Assembleia da República foi o PSD. Não vamos confundir. A linha vermelha que estabelecemos contra o Chega não se moveu um milímetro. Com o Chega nada. Com o Chega apenas oposição. É um discurso racista, xenófobo, misógino, que coloca portugueses contra portugueses. E se nós transigirmos com este discurso, vamos aí, sim, deixar que entre um vírus que coloca portugueses contra portugueses e destrói a democracia”, acrescentou.

O líder do grupo parlamentar socialista aludiu à liberdade que a Revolução dos Cravos trouxe , declarando: “O 25 de Abril de 1974 trouxe-nos um bem único que temos de preservar. Esse partido é antidemocrático e a linha vermelha que estabelecemos no grupo parlamentar não se moveu nem um milímetro.”

O grupo parlamentar do PS organizou este domingo uma reunião da direcção, no Porto, numa iniciativa que procura descentralizar actividade da bancada socialista. Esta segunda-feira o líder da bancada acompanhado dos vice-presidentes e os deputados eleitos pelo círculo do Porto visitaram a Associação Empresarial de Portugal, Fundação de Serralves e a uma organização não governamental ligada ao combate à violência doméstica.

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