Ucrânia diz que Polónia poderá fornecer caças F-16

Kiev vê “sinais positivos” de Varsóvia, mas primeiro-ministro polaco garante que qualquer decisão será tomada em coordenação com os aliados da NATO.

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Um caça F-16 norte-americano numa base na Roménia Reuters/US AIR FORCE

No dia em que a Rússia voltou a avisar que o envio de mais armas para a Ucrânia pode levar a “uma escalada significativa” do conflito, Andriy Yermak, chefe de gabinete do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que a Polónia estará disposta a fornecer aviões de combate F-16 para lutar contra o exército invasor.

Na sua conta no Telegram, Yermak afirmou ter recebido “sinais positivos” de Varsóvia para o potencial envio de caças, um desejo para o qual Governo de Kiev começou a fazer pressão imediatamente depois de EUA e Alemanha terem concordado com o fornecimento de carros de combate, na semana passada.

O Governo polaco refreou quase de imediato a sugestão do conselheiro de Zelensky, com o primeiro-ministro, Mateusz Morawiecki, a afirmar que qualquer decisão terá que ser tomada em coordenação com os parceiros da NATO.

“Coordenamos todas as acções destinadas a fortalecer as forças de defesa da Ucrânia com os nossos parceiros da NATO”, disse Morawiecki durante uma conferência de imprensa em que anunciou o plano para aumentar a despesa militar da Polónia para 4% do Produto Interno Bruto.

O envio de aviões de guerra para a Ucrânia é um passo que os aliados ocidentais parecem não estar, para já, dispostos a dar. O chanceler alemão, Olaf Scholz, já disse mesmo que tal hipótese está fora de questão. Mas, na semana passada, o vice-conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jon Finer, disse que Washington iria discutir “com muito cuidado” a possibilidade de fornecer caças à Ucrânia, embora comece a existir no Pentágono, segundo relatos na imprensa norte-americana, um apoio crescente à ideia.

“Acho que todos sabemos o que acontece com este tipo de pedidos. A resposta inicial é não mas acaba por ser sim”, comentou o ministro da Defesa do Reino Unido, Ben Wallace, citado pelo Guardian.

Wallace disse ainda que os 14 tanques Challenger doados à Ucrânia pelos britânicos chegarão à linha de frente antes do Verão. “Será no início do Verão ou Maio, provavelmente pela Páscoa”, afirmou o ministro no Parlamento.

Enquanto espera pelos carros de combate, o Governo de Kiev anunciou esta segunda-feira que vai investir este ano 503 milhões de euros em drones, com o ministro da Defesa, Oleksii Reznikov, a dizer que pelo menos 16 acordos de fornecimento já foram assinados com fabricantes ucranianos.

“Em 2023, estamos a aumentar a aquisição de UAVs [Veículos Aéreos Não Tripulados] para as Forças Armadas da Ucrânia”, escreveu Reznikov no Facebook.

A Ucrânia tem recebido vários equipamentos deste tipo dos aliados, desde o Bayraktar TB2, equipado com mísseis, da Turquia até ao drone de reconhecimento Black Hornet, fabricado na Noruega. Kiev quer agora aumentar a produção doméstica para construir o que as autoridades chamam de “exército de drones”.

No terreno, a Ucrânia negou que as forças russas estejam a avançar em direcção da cidade de Vougledar, no Leste da Ucrânia, onde os combates se intensificaram recentemente. “As nossas unidades continuam a avançar. Unidades estabeleceram-se no Leste de Vougledar e os trabalhos continuam nas imediações", afirmou nesta segunda-feira o responsável da Rússia na região de Donetsk, Denis Pushilin, citado por agências russas. Mas um porta-voz do exército ucraniano na região, Yevguen Ierine, disse que os ataques foram repelidos.

As autoridades militares ucranianas negaram também que a localidade de Blahodatne, a leste da província de Donetsk, tivesse sido tomada pelas forças do grupo Wagner, acrescentando que o exército ucraniano resistiu a ataques russos em outras 13 localidades na província de Donetsk.

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