Espanha interrompe série de cinco meses de descida da inflação

Fim do desconto de 20 cêntimos nos combustíveis contribuiu para subida da inflação no mês em que o Governo espanhol baixou o IVA dos alimentos.

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Pedro Sanchez, líder do governo espanhol EPA/EMILIO NARANJO

Depois de cinco meses consecutivos de descidas, a taxa de inflação em Espanha voltou, em Janeiro, a registar uma subida, confirmando que a estabilização dos preços na zona euro ainda pode ser um processo relativamente demorado.

De acordo com a estimativa rápida publicada esta segunda-feira pela autoridade estatística de Espanha, a taxa de inflação homóloga no país passou de 5,7% no último mês do ano passado para 5,8% em Janeiro, uma ligeira subida que é a primeira variação positiva deste indicador desde que, em Julho, a inflação registou em Espanha o seu pico.

A economia espanhola tem vindo a destacar-se como aquela em que a inflação mais rapidamente tem vindo a recuar em toda a zona euro, sendo este momento o país com a variação homóloga de preços mais moderada.

No entanto, no primeiro mês deste ano, esta tendência descendente foi interrompida. Vários factores extraordinários afectaram, em sentidos diferentes, a evolução dos preços em Janeiro em Espanha. Por um lado, o Governo liderado por Pedro Sánchez passou a aplicar uma taxa ainda mais reduzida de IVA, de 4%, nos produtos alimentares básicos, o que deverá ter contribuído para uma descida dos preços suportados pelos consumidores, mas, por outro lado, deixou de aplicar o desconto de 20 cêntimos por litro de combustível que tinha criado no início da crise energética.

Esta última medida terá sido uma das razões para que a inflação registasse em Janeiro uma ligeira subida, mas aquilo que mais constitui uma preocupação relativamente à forma como os preços irão evoluir a partir de agora é o facto de a inflação subjacente (a que retira da análise os bens alimentares e os energéticos) ter passado em Janeiro de 7% para 7,5%.

O resultado agora registado em Espanha deverá servir para reduzir as esperanças de um recuo muito rápido das pressões inflacionistas na zona euro durante o decorrer deste ano, numa semana em que os responsáveis do Banco Central Europeu se reúnem para decidir o que fazer às taxas de juro. A expectativa é a de que, na reunião desta quinta-feira, Christine Lagarde e os seus pares voltem a subir as suas taxas de juro de referência em 0,5 pontos percentuais, numa tentativa de pôr o custo do financiamento na zona euro a um nível suficientemente alto para trazer a inflação para mais perto do objectivo de 2%.

Esta terça-feira, serão divulgadas as primeiras estimativas para a taxa de inflação de Janeiro em Portugal e no total da zona euro.

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