Sunak demite presidente do Partido Conservador por irregularidades fiscais

Nadhim Zahawi, que tinha sido ministro das Finanças de Johnson, não comunicou ter sido investigado pela autoridade tributária britânica antes de entrar no Governo.

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Zahawi foi ministro das Finanças no Governo de Boris Johnson Reuters/HENRY NICHOLLS

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, demitiu o presidente do Partido Conservador, Nadhim Zahawi, alegando uma “violação grave” do código de conduta ministerial, por não ter declarado que havia sido investigado pelas autoridades fiscais.

A demissão acontece após um inquérito chefiado pelo conselheiro de ética do primeiro-ministro, Laurie Magnus, que concluiu que Zahawi violou as regras de conduta. No fim-de-semana passado, Zahawi, que tinha assento no Conselho de Ministros do Governo, admitiu ter sido investigado pela HM Revenue and Customs (HMRC) por causa de irregularidades nas suas declarações fiscais.

Em causa está a liquidação de impostos relativos à actividade da YouGov – a empresa de sondagens fundada por Zahawi antes de entrar no Governo – que não haviam sido pagos. Num comunicado divulgado há uma semana, o presidente do Partido Conservador e ex-ministro das Finanças disse que a HMRC reconheceu ter cometido “um erro imprudente, mas não deliberado”.

O acordo fiscal ascendeu a quase cinco milhões de libras (cerca de 5,7 milhões de euros) relativo à dívida da YouGov, segundo a imprensa britânica.

Segundo a investigação, Zahawi devia ter comunicado os acordos assinados com a autoridade fiscal assim que foi nomeado para o Governo. “Em conjunto, considero que estas omissões representam uma falha grave em cumprir as regras estabelecidas pelo código ministerial”, concluiu Magnus.

O inquérito movido pelo próprio primeiro-ministro surgiu após as críticas da oposição, mas também de alguns parlamentares conservadores, que exigiam o afastamento de Zahawi da presidência do partido e do Conselho de Ministros. Zahawi foi ministro das Finanças no Governo de Boris Johnson até à sua demissão em Setembro.

A demissão do presidente dos tories acontece num contexto de grande pressão para Sunak, que chegou à liderança do Governo em Outubro, depois de um período turbulento no Partido Conservador e, consequentemente, no executivo britânico. Quando assumiu a chefia do Governo, Sunak prometeu “integridade, profissionalismo e responsabilização a todos os níveis”, tentando evidenciar o contraste com os seus antecessores: Johnson, que viu vários ministros envolvidos no escândalo do “​Partygate​; e Liz Truss, que não conseguiu resistir no cargo de primeira-ministra mais de 45 dias perante a intensa pressão causada pela apresentação de um programa económico extremamente polémico.

O próprio primeiro-ministro viu o nome da sua mulher envolvido numa controvérsia por causa do seu estatuto fiscal. Embora vivesse há vários anos no Reino Unido, Akshata Murty, mulher de Sunak, continuou a gozar do estatuto de “não residente”, o que lhe permitia manter a morada fiscal na Índia e ficar isenta do pagamento de impostos sobre os rendimentos obtidos no estrangeiro. Murty acabou por regularizar a situação.

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