Porto começa esta semana na Boavista as obras da primeira linha do “metrobus”

Projecto de 66 milhões financiado pelo PRR fará circular autocarros a hidrogénio verde em via dedicada entre a rotunda e a Praça do Império, estendendo-se depois a Matosinhos (Anémona).

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Novo meio de transporte circulará pela Avenida da Boavista (na foto) e contribuirá para a descarbonização do transporte público Paulo Pimenta (arquivo)

A primeira ligação do projecto do "metrobus" do Porto, que assenta no transporte público em autocarro a hidrogénio verde e a circular em via dedicada, entre a rotunda da Boavista e a Praça do Império, vai ser apresentado na segunda-feira, devendo as obras começar ainda durante a próxima semana, segundo a empresa Metro do Porto.

O arranque da intervenção no terreno acontecerá com "a abertura da primeira frente de obra na Avenida da Boavista, no Porto", disse fonte oficial daquela empresa. Este é um projecto de 66 milhões de euros, financiado a fundo perdido pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Já tinha sido apresentado em 2021, pelo Governo e a Câmara do Porto, tendo evoluído em termos de projecto e de alcance, com uma extensão a Matosinhos, que não estava nos planos iniciais.

Além da ligação Boavista-Império, a obra integra também a linha Boavista-Anémona, em Matosinhos. Será executada em 2023 e 2024, ano em que o novo modo de transporte entrará em operação comercial, diz a mesma fonte.

Estão previstas as estações Casa da Música, Guerra Junqueiro, Bessa, Pinheiro Manso, Serralves, João de Barros e Império, no primeiro serviço do "metrobus", e na secção até Matosinhos adicionam-se Antunes Guimarães, Garcia de Orta, Nevogilde, Castelo do Queijo e Praça Cidade do Salvador (Anémona).

O nome oficial do "metrobus" é Bus Rapid Transit (BRT). A ideia é que o autocarro a hidrogénio verde, que circulará em via dedicada na Avenida da Boavista e em convivência com os automóveis na Avenida Marechal Gomes da Costa, seja operado pela Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP).

Trata-se de um projecto desejado pela Câmara do Porto, mas cujo traçado não reuniu consenso. PSD e CDU contestam que se deixe de fora o Campo Alegre. Isto apesar de, durante algum tempo, a Linha Ocidental do Metro ter sido apelidada Linha do Campo Alegre. O abandono desta zona foi ditado por "constrangimentos" que dificultariam a obra, segundo foi explicado em 2021.

A Metro do Porto lançou, em Dezembro, um concurso público de 23,5 milhões de euros para adquirir 12 autocarros para o serviço, esperando-se que o primeiro chegue no primeiro trimestre de 2024.

O preço total de 66 milhões já inclui o valor do material circulante. Aquele concurso engloba ainda o "projecto, fornecimento e colocação em serviço" da "estação de produção, armazenamento e abastecimento de hidrogénio verde para abastecimento dos veículos BRT [...] e venda a terceiros", na estação de recolha da STCP na Areosa.

Também se incluem as "instalações de produção fotovoltaica de energia eléctrica de fonte renovável para o processo de produção de hidrogénio verde", nas recolhas da Areosa, Francos e Via Norte.

Quando o concurso público internacional foi lançado, em Julho de 2021, falava-se em obra pronta em 2023 e um prazo de execução de obra de 20 meses. E estimava-se que a viagem Boavista-Império demoraria 15 minutos, acrescentando 31 mil passageiros/dia à rede de metropolitano. O equivalente a 11 milhões de validações/ano.

Portugal aposta nesta altura noutro sistema "metrobus", o do Mondego, que permitirá ligar três concelhos através de um serviço de transporte totalmente eléctrico a circular num canal dedicado.

O "metrobus" do Mondego realiza-se fora do PRR e abrange Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã, numa extensão de 42 km e com 42 estações. Espera-se que funcione com 35 autocarros, conte com seis estações de carregamento e possa ter 12 autocarros de 135 lugares cada um a passar, por hora, nos períodos de ponta, nas zonas urbanas, em cada sentido.

Na cidade do Porto, a cargo da Metro decorrem actualmente as obras da Linha Rosa (G), que ligará as estações de São Bento e Casa da Música, com data prevista de conclusão em Dezembro de 2024.

Em Vila Nova de Gaia, decorre também a expansão da Linha Amarela (D) entre Santo Ovídio e Vila d'Este, com conclusão prevista para o final do ano.

Está ainda previsto o lançamento do concurso público para a construção da Linha Rubi (H), entre Santo Ovídio (Gaia) e Casa da Música (Porto), no dia 17 de Março, um procedimento que inclui uma nova ponte sobre o rio Douro.

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