Governo afegão pede ajuda às empresas para evitar que mais gente morra de frio

Catástrofe humanitária agravou-se com o Inverno mais rigoroso em 15 anos: temperaturas chegaram aos 33 graus negativos. Já morreram 166 pessoas e mais de 70 mil cabeças de gado.

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Segundo o Programa Alimentar Mundial, mais de 3,2 milhões de crianças estão em risco de desnutrição aguda ALI KHARA/Reuters

Com o número de mortos pelo frio a chegar a 166, o Governo taliban lançou um pedido ao sector privado que ajude a combater as consequências do pior Inverno dos últimos 15 anos no Afeganistão. Os termómetros baixaram até aos 33 graus negativos e vieram agravar ainda mais a crise humanitária que o país atravessa, numa altura em que os cortes de energia eléctrica se alargaram por causa da interrupção temporária do fornecimento por parte do Usbequistão.

Num comunicado recebido pelo canal de televisão afegão Tolo News, o ministério da Indústria e Comércio pede às empresas privadas para “ajudar as pessoas vulneráveis e necessitadas”, de maneira “a evitar mais vítimas do frio”.

As temperaturas muito baixas deste Inverno já mataram pelo menos 166 pessoas e mais de 70 mil cabeças de gado, de acordo com o Ministério de Gestão de Desastres afegão, citado pela AFP. Desde 10 de Janeiro que as baixas temperaturas, conjugadas com a queda de neve e os ventos gelados e os cortes de energia, que duraram quase uma semana a partir do dia 16, vieram agravar uma situação humanitária que já por si era dramática – segundo a Radio Azadi ligada à Radio Free Liberty, há zonas de Cabul que chegaram a receber apenas uma hora de electricidade em cada dois dias.

O levantamento do embargo usbeque a 25 de Janeiro e a renovação recente do acordo anual de fornecimento de electricidade com o Turquemenistão permitiu, pelo menos, normalizar o fornecimento de electricidade.

Antes deste Inverno se revelar em toda a intensidade, as organizações de ajuda humanitária já tinham alertado para o facto de mais de metade dos 38 milhões de afegãos passarem fome. O Programa Alimentar Mundial (PAM) alerta que 875 mil crianças poderão sofrer de desnutrição aguda grave e 2,3 milhões mais de desnutrição aguda moderada em 2023.

O PAM refere que se a seca se prolongar em 2023 pelo terceiro ano consecutivo, a situação nutricional poderá tornar-se ainda mais grave, afectando outros 20% da população.

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