Sabalenka conquista na Austrália o primeiro torneio do Grand Slam

Bielorrussa cedeu o primeiro set diante de Rybakina, mas conseguiu dar a volta e vencer em Melbourne.

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Aryna Sabalenka Reuters/LOREN ELLIOTT

Até este sábado, o melhor dia na vida de Aryna Sabalenka tinha sido em 2021, quando conheceu o namorado, Konstantin Koltsov. Nessa altura, já o sonho de ganhar um torneio do Grand Slam era grande, mas mantinha-se longe de ser uma realidade, em especial depois de um 2022 sem títulos. Na origem de muitas das 22 derrotas sofridas estava o serviço. Ou melhor, as duplas faltas: 428 no total, uma média de oito por encontro. Só no Open da Austrália do ano passado, foram 56 duplas faltas em quatro rondas disputadas. Um ano depois, uma Sabalenka renovada derrotou a cazaque Elena Rybakina na final e saiu de Melbourne Park com o Daphne Akhurst Memorial Trophy.

“É difícil explicar o que sinto agora. Estou feliz, orgulhosa… não sei como explicar. É o melhor dia da minha vida”, contou a bielorrussa de 24 anos e presença fixa no top 10 do ranking mundial nos últimos anos. Altura certa para recordar a época passada, concluída com resultados auspiciosos nos dois últimos grandes eventos da época: meia-final no US Open - depois de ter vencido o primeiro set à número um do ranking, Iga Swiatek - e final nas WTA Finals. Mas a “rainha das duplas faltas”, como se auto-intitulou a bielorrussa, sabia que tinha de fazer alguma coisa. O treinador Anton Dubrov ameaçou demitir-se, mas ela recusou.

O recurso a um especialista em biomecânica do desporto e muitas horas de trabalho ajudaram a ultrapassar o problema. Neste Open da Austrália, a média de duplas faltas desceu para metade. Contudo, na final, a tensão do momento e o perigo das respostas de Rybakina resultaram em cinco “duplas” na partida inicial (sete no total), ressuscitando o “fantasma”.

Apenas um set perdido

Tal como em tantos encontros no ano passado e neste Open, Sabalenka soube superar essa má estatística com a enorme agressividade, que sempre foi a sua imagem de marca. No último encontro em Melbourne, a resistência mental da bielorrussa prevaleceu após ceder o set inaugural - o primeiro em 11 encontros realizados em 2023 - e terminou o encontro com 51 winners, dos quais 17 ases.

“Sempre tive esta sensação estranha quando as pessoas me vinham pedir um autógrafo. Pensava: ‘Não sou ninguém, sou uma jogadora, não tenho nenhum título do Grand Slam.’ Agora mudei, respeito-me muito mais. Compreendi que, se estou aqui, é porque trabalhei duramente”, explicou Sabalenka, também conhecida por “tigresa” (alcunha recebia devido à tatuagem no braço esquerdo).

Apesar dos 24 winners nos segundo e terceiros sets, Rybakina (25.ª no ranking) não esteve tão consistente a servir e não conseguiu acompanhar a adversária no capítulo ofensivo. O equilíbrio ficou desfeito no aproveitamento dos break-points: a cazaque não aproveitou as três oportunidades de que dispôs no segundo set, nem uma quarta, no derradeiro jogo da final. A Sabalenka bastou concretizar um em cada um desses sets e manter positivo o rácio de winners-erros. Mas só fechou no quarto match-point - no primeiro, cometeu a sétima dupla-falta. Emocionada, Sabalenka não evitou as lágrimas na hora de comemorar; Dubrov chorava na bancada.

“Claro que estava um pouco nervosa. Dizia para comigo: ‘Ninguém te diz que vai ser fácil, tens de trabalhar para isso, trabalhar até ao último ponto’”, revelou a campeã, após vencer Rybakina, por 4-6, 6-3 e 6-4. “Os insucessos do passado foram duros de digerir, mas ajudaram-me a conhecer-me”, adiantou Sabalenka, que, afirma, aprendeu muito: “Estive muito calma, sabia que o meu ténis ia dar-me oportunidades para ganhar.”

Sabalenka vai regressar ao segundo lugar do ranking, que já ocupara em Agosto de 2021. Rybakina sobe ao último lugar do top 10, onde só estão três jogadoras que já conquistaram títulos do Grand Slam.

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