DIA INTERNACIONAL EM MEMÓRIA DAS VÍTIMAS DO HOLOCAUSTO

Aprender sobre a construção do nazismo

Em 2022, alguns alunos e professores do Agrupamento de Escolas Emídio Navarro, em Almada, realizaram uma visita de estudo a Munique. “A construção do Nazismo” foi o mote que os guiou.

Público na Escola

27 de Janeiro de 2023, 16:44

jornais-escolares,publico-escola, — Museu do Holocausto Manuel Roberto / PUBLICO

Foi através da edição de dezembro de 2022 do Mar da Palha, o jornal do Agrupamento de Escolas Emídio Navarro vencedor de vários prémios no Concurso Nacional de Jornais Escolares do PÚBLICO na Escola, que ficamos a conhecer este texto de uma aluna do 12.º ano.

Um testemunho, na primeira pessoa, da visita de estudo que a escola realizou a Munique para aprofundar a temática - A Construção do Nazismo - abordada no âmbito de Cidadania e Desenvolvimento.

Na data em que se assinala o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, destacamos, aqui, o texto de Cristina Lin.

Aprender sobre a construção do nazismo

Neste ano, 2022, visitei uma cidade marcante para mim, em conjunto com um grupo de aproximadamente quarenta pessoas constituído por colegas e professores. Em novembro, em dias de chuva, vi a cidade de Munique. Esta cidade foi onde Adolf Hitler, líder do Partido Nazista, tentou realizar um golpe de Estado e a esta tentativa falhada de golpe de Estado foi chamada de “Putsch da Cervejaria”. A visita de estudo realizada teve como tema "A construção do Nazismo” e, por esse motivo, foi escolhida a primeira semana de novembro para esta visita, uma vez que se aproxima de 8 a 9 de novembro (dias em que ocorreu o acontecimento do Putsch de Munique).

Visitamos mais de 14 locais em 4 dias. Parecia uma missão impossível no início, mas conseguimos. Desses locais importantes, destacam-se a Marienplatz (Praça de Maria), o Museu Histórico da Cidade, o Centro de Documentação da História do Nacional Socialismo, a Universidade de Munique, o Campo de Concentração de Dachau, a Cidade Olímpica e o Palácio Real de Munique, entre outros.

Tudo me fascinou naquela cidade que, além de ser muito linda, é também cheia de história e acontecimentos, mas o que mais me espantou foi o Campo de Concentração de Dachau. Não foram apenas as barracas restritas e pequenas para o número de prisioneiros que aí iriam descansar, ou a expressão de propaganda “Arbeit macht frei” (“O trabalho liberta”) que Hitler utilizava para esconder o facto de que não havia liberdade. Foram marcas deixadas que resultaram de realidades cruas e dolorosas. No museu localizado dentro do Campo de Concentração, foram expostas pinturas, posters, fotografias e textos que mostram o que efetivamente acontecia dentro das grades do campo, ou seja, algo que os restantes alemães e cidadãos europeus não tinham ideia. Aquilo era denominado de “reeducação”, o que não era verdade. Não podia haver perguntas, eram impedidos de ter dúvidas, ainda menos desobediência. A perseguição política, social e racial parecia não ter fim. Muitos trabalhavam para algum dia poderem ser libertados. No entanto, muitos deles foram libertados pela chaminé, em cinzas. Outros sofreram de fome e malnutrição. Alguns castigados…E muitos não tiveram o cuidado médico necessário e, portanto, o gabinete de saúde, onde supostamente seriam ajudados, também se tornou um lugar onde temiam a morte.

O que aconteceu dentro do Campo de Concentração de Dachau é triste. A impossibilidade de resistir ao que era imposto pelo regime Nazi, a exploração e a opressão fizeram-nos refletir sobre a história e a humanidade. Fora de Dachau, o mesmo acontecia: obrigatoriedade e superioridade eram o que prevalecia. Apesar disso, os que se opunham ao regime virar-se-iam à esquerda, sem hesitar, quando se chegava à rua Viscardi Gasse, onde era exigido que fosse feita a saudação nazi. O beco de resistência em Feldherrnhalle é em homenagem a esses guerreiros que passariam por uma rua estreita, desviados dos guardas, e não fariam a saudação. Sem usar armas, nem palavras, pensaram e agiram de acordo com a sua consciência.

A história ocorreu no passado, mas ensina no presente. Esta visita foi uma aula que, com poucas palavras, nos mostrou muito e que, para mim, será uma lição de vida.

Cristina Lin, Jornal Mar da Palha, edição n.º 60