PSD acusa Governo de “fazer campanha” com dinheiro europeu e “enganar municípios”

Luís Montenegro diz que o Governo está a “encaixar” obras no PRR, mas com estimativas de custo “muito aquém” do valor real, o que constituirá um “presente envenenado” para os municípios.

Foto
Luís Montenegro, presidente do PSD LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

O presidente do PSD acusou hoje o executivo de estar a "fazer campanha política" com fundos europeus e dinheiro dos contribuintes e de estar a "enganar os municípios" na recente iniciativa "Governo mais próximo".

Numa conferência do Partido Popular Europeu (PPE) em Lisboa, dedicado ao Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), Luís Montenegro referiu-se à iniciativa que levou esta semana grande parte do executivo a Castelo Branco e que será repetida noutros distritos.

"Com o dinheiro dos contribuintes portugueses e com o dinheiro da Europa, o Governo está a fazer já hoje campanha política no terreno. Estas visitas estão a servir para que membros do Governo vão prometer obras, inaugurar primeiras placas, porque em Portugal temos uma tradição - sempre que temos governos socialistas - que primeiro se põem as placas e depois se inauguram as obras", acusou.

O presidente do PSD diz que o Governo está a fazer "ainda pior" e a tentar perceber em cada município quais as obras mais avançadas a tempo de serem encaixadas no PRR, mas com estimativas de custo "muito aquém" do valor real, o que constituirá um "presente envenenado" para as autarquias no futuro.

"O Governo português está a enganar os municípios portugueses, está a enganar o espírito do PRR, está a aproveitar para fazer campanha política e para onerar ainda mais as dificuldades financeiras das autarquias", acusou.

Na sua intervenção de menos de meia hora, Montenegro considerou que, nos últimos sete anos, o Governo do PS quis "acabar com um estigma" e apresentar à Europa contas públicas equilibradas. "Mas as contas equilibradas do Governo socialista português têm pés de barro (...) Impostos máximos, falta de investimento público e falta de crescimento económico, é isto que tem acontecido em Portugal", criticou.

Para o líder do PSD, "isto tem tudo a ver com o PRR", acusando o executivo português de canalizar para a esfera pública "todos os meios financeiros que deviam estar direccionados para o investimento e para as empresas e também para as famílias que sofrem as agruras do processo de inflação".

Luís Montenegro recorreu a uma frase celebrizada por um comentador desportivo para desafiar a audiência a recordar qualquer reforma estrutural feita pelo actual Governo. "Digam-me uma, uma só transformação estrutural, uma só, que o Governo socialista nos últimos sete anos tenha sido capaz de levar à vida do país. Sinceramente, isto é mesmo muito poucochinho", criticou, numa alusão à expressão utilizada por António Costa para se referir ao resultado do PS de António José Seguro nas europeias de 2014.

No final da sua intervenção, o líder do PSD lembrou que só está em funções há pouco mais de meio ano e contava - e disse ainda continuar a ter essa perspectiva - que o mandato do Governo se estendesse até 2026. "O nosso calendário é Outubro de 2026. Se for alterado, já sabem que há um responsável, do Governo do PS", acusou.

Luís Montenegro revelou ainda que o seu "sonho para Portugal é que um dia o país seja contribuinte líquido da Europa". "Portugal tem tudo para ser um país que faz tão bem ou melhor que os outros, nós queremos passar à vossa frente, é este o nosso objectivo", afirmou, em tom bem-humorado, perante uma plateia com pessoas de várias nacionalidades na reunião do PPE.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários