No olhar de Jonathas de Andrade faísca a liberdade do homoerotismo
O artista brasileiro regressa a Lisboa para mostrar uma exposição antológica atravessada pela vibração erótica e ameaçadora da masculinidade. No Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, em Lisboa.
Um homem de tronco nu, calções vestidos, lança a rede ao rio. Os movimentos são tensos e elegantes. Vemo-lo, a pele bronzeada pelo sol, os músculos torneados pelo trabalho. Resplandece ali, apolíneo. Mas há algo mais. O olho da câmara – ou de Jonathas de Andrade (Maceió, Alagoas, Brasil 1982) – voeja delicado, distraído por aquilo que capta: o peito erecto, a flexão contraída do braço, o abdominal esculpido, a sugestão recusada de uma nudez. Note-se: não é o único homem representado em Olho Faísca, a exposição do artista brasileiro patente, com a curadoria de João Mourão e Luís Silva, no MAAT (Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia). Com efeito, a masculinidade e o homoerotismo são transversais às dez obras que compõem esta antológica. Não há como contorná-las: em fotografias, numa instalação feita de peças de barro cozido, num conjunto de 68 peças de roupa interior, em dois filmes, numa peça que convida o público a votar no Jesus Cristo mais bonito. Com humor, diga-se, mas também ao sabor do desejo, para reflectir sobre a experiência do artista num Brasil que nos escapa.
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