Por força do PS, Chega deverá ficar com a presidência da comissão de inquérito à TAP

PSD ainda não sabe que deputados vai indicar. O coordenador socialista deverá ser Carlos Pereira, que foi relator do inquérito à recapitalização da CGD.

Foto
A comissão parlamentar de inquérito à tutela política da TAP será também palco das disputas internas no PS Nuno Ferreira Santos

O PS vai defender que deve ser o Chega a presidir à comissão de inquérito à gestão política da TAP que o Parlamento vai criar na próxima semana por proposta do Bloco. Aplicando o método de distribuição das presidências das comissões através do método de Hondt, o PS e o Chega ficam empatados e, apesar de os serviços da Assembleia da República defenderem que esse lugar pertence ao PS, o líder parlamentar, Eurico Brilhante Dias, disse ao PÚBLICO que os socialistas vão defender que caiba ao Chega.

Na prática, seria aplicar no funcionamento do Parlamento aquilo que se faz na atribuição de mandatos nas eleições: se houver empate entre dois partidos, elege-se aquele que nessa tiver menos eleitos. Esta será a 16.ª comissão parlamentar criada na actual legislatura, depois das 14 permanentes e da de revisão constitucional. E será também a primeira de inquérito. Ao PÚBLICO André Ventura disse que o Chega está completamente disponível para assumir a tarefa.

O líder da bancada socialista rejeita qualquer segunda intenção neste aparente desinteresse do lugar de presidente da comissão, sendo possível que o inquérito à tutela política da TAP se torne um palco de disputas internas no PS, entre os apoiantes de Fernando Medina (que sempre procurou distanciar-se da polémica com Alexandra Reis) e de Pedro Nuno Santos (que, depois de quase um mês a negar conhecimento sobre o processo da indemnização à ex-gestora, descobriu que deu o seu aval ao montante de meio milhão por mensagem telefónica e não se lembrava).

Essa guerra em surdina no PS levará a um maior cuidado na escolha dos deputados. O PÚBLICO apurou que o coordenador deverá ser Carlos Pereira (foi o relator do inquérito à recapitalização da CGD). O PSD, a que deverá caber a tarefa de elaborar o relatório da comissão, ainda não escolheu os deputados que vão integrar a comissão. O Bloco indicará Mariana Mortágua com Pedro Filipe Soares como suplente; pela IL serão Carlos Guimarães Pinto e Bernardo Blanco. O PCP ainda não definiu os seus representantes, mas, tendo em conta o dossier, a tarefa deverá caber a Bruno Dias e a Duarte Alves (este como suplente).

O PCP quer que o objecto da comissão seja alargado para abarcar toda a gestão privada desde a privatização da companhia em 2015, incluindo o processo de reestruturação e o processo de auscultação do mercado para venda já iniciado. Porém, o PS, o BE e o Chega já vieram recusar tal ideia.

Sugerir correcção
Ler 6 comentários