PSD concluiu que Costa admitiu interferência no BdP. “Absolutamente falso”, diz PS

Líder da bancada parlamentar do PSD mostrou não estar satisfeito com respostas do primeiro-ministro sobre Isabel dos Santos. Chega desafia PSD para comissão de inquérito.

Foto
Miranda Sarmento vai insistir em perguntas e enviar novas questões ao primeiro-ministro Miguel Manso

O PSD vai insistir em algumas perguntas e colocar novas questões ao primeiro-ministro na sequência das respostas que recebeu do próprio sobre a alegada interferência junto do Banco de Portugal para proteger a empresária angolana Isabel dos Santos e agilizar a venda do Banif. Joaquim Miranda Sarmento concluiu que António Costa admitiu a interferência. Eurico Brilhante Dias contesta: "É absolutamente falso".

“Há várias perguntas que não foram respondidas. O primeiro-ministro furtou-se a esclarecer”, afirmou aos jornalistas Joaquim Miranda Sarmento, líder da bancada parlamentar social-democrata, depois de esta terça-feira o texto de António Costa ter chegado ao PSD.

Os sociais-democratas continuam a admitir propor uma comissão de inquérito sobre os dois assuntos, mas para já vão insistir nas questões. “Não excluímos a comissão de inquérito”, afirmou o líder parlamentar, considerando, no entanto, que as respostas "vão ser analisadas" e que a hipótese “mais provável” é que “o primeiro-ministro tenha uma segunda oportunidade para esclarecer os portugueses”.

Em causa está o conjunto de 12 perguntas sobre a eventual intervenção do chefe do Governo na avaliação da idoneidade de Isabel dos Santos para administração do EuroBIC por parte do Banco de Portugal e sobre o processo de resolução do Banif.

Perante as respostas enviadas, Joaquim Miranda Sarmento disse retirar duas conclusões. “A primeira é que o senhor primeiro-ministro confirma que interferiu junto do Banco de Portugal, quer no processo de Isabel dos Santos quer no processo de resolução do Banif”, afirmou.

Uma conclusão que o PS contesta. "É absolutamente falso que nalguma circunstância o primeiro-ministro tenha admitido ou considerado mesmo no tempo qualquer interferência no caso da idoneidade da engenheira Isabel dos Santos", disse o líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias em reacção às declarações de Joaquim Miranda Sarmento.

O líder da bancada parlamentar do PSD acrescentou ainda que a segunda conclusão é que António Costa “não respondeu às perguntas, que são individuais, e apresentou uma composição com elementos que não são novos”.

Miranda Sarmento apontou duas das questões que continuam por responder: “Porque é que o primeiro-ministro interferiu na idoneidade de Isabel dos Santos – o que estava em causa era o Eurobic – e como é que teve conhecimento da reunião entre Isabel dos Santos e o governador do Banco de Portugal porque o telefonema [para Carlos Costa] aconteceu nessa tarde.”

O líder da bancada parlamentar considerou ainda que António Costa não esclareceu o motivo do envio à União Europeia de uma carta sobre o Banif, o que “aliado à notícia do dia anterior” sobre o encerramento da instituição, deixou o banco “sujeito a uma corrida aos depósitos” que o colocou numa “situação difícil”.

O conjunto de 12 perguntas foi enviado pelo PSD a 23 de Novembro, mas o primeiro-ministro pediu mais tempo para responder. No total levou quase dois meses a enviar os esclarecimentos.

Chega desafia PSD para uma comissão de inquérito

Já o Chega mostra-se insatisfeito com as respostas, mas é ao PSD que se atira: André Ventura diz ser "constrangedor ver que, dois meses depois, o maior partido da oposição ainda não perceba que ou há uma comissão de inquérito ou nunca se vai saber nada sobre a interferência activa de um primeiro-ministro no sistema bancário para proteger a filha de um Presidente que está hoje sob investigação e com um mandato de busca internacional".

O líder do Chega realçou que até o antigo presidente do PSD, Luís Marques Mendes, falou de uma "intromissão abusiva, ilegítima e clara do sistema financeira" "Esperemos que estas respostas inócuas e insatisfatórias sejam o que é preciso para que possamos constituir uma comissão de inquérito parlamentar em vez de andarmos aqui a adiar (...) É o único instrumento parlamentar que temos para conseguir ter as respostas." E rematou, criticando o impasse do PSD, que só fala em fazer mais perguntas: "É tempo de agir e não continuar a fingir que estamos a actua."

Sugerir correcção
Ler 5 comentários