Mil maçãs podres à porta da polícia de Londres: uma por cada abuso contra mulheres

A polícia disse estar a investigar casos de abuso sexual e domésticos que envolvem 1071 funcionários. Activistas colocaram uma maçã de plástico por cada um.

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Activistas colocaram mais de mil maçãs de plástico podres em frente à sede da Polícia Metropolitana de Londres Reuters/PETER NICHOLLS

A polícia de Londres foi confrontada com 1071 maçãs de plástico podres à porta da sua sede esta sexta-feira, num protesto que pretende assinalar o número de funcionários que estão a ser investigados por ofensas sexuais ou violência doméstica.

A Refuge, uma associação britânica de apoio a vítimas de violência doméstica, colocou as maçãs vermelhas e verdes no exterior do edifício Scotland Yard, da Polícia Metropolitana, no centro de Londres, com uma placa onde se lia: "1071 maçãs podres. Quantas mais?"

O protesto surge dias depois de um polícia de Londres ter admitido 24 casos de violação numa acção contra o abuso de mulheres — notícias que chocaram o país e chamaram a atenção para o problema da perda de confiança nas forças de segurança.

Numa tentativa de reconquistar a confiança, a polícia disse estar a investigar casos de abuso sexual e domésticos que envolvem 1071 funcionários, e que centenas deverão ser despedidos no seguimento da investigação.

Activistas colocaram mais de mil maçãs de plástico podres em frente à sede da Polícia Metropolitana de Londres Reuters/PETER NICHOLLS
Activistas colocaram mais de mil maçãs de plástico podres em frente à sede da Polícia Metropolitana de Londres Reuters/PETER NICHOLLS
Activistas colocaram mais de mil maçãs de plástico podres em frente à sede da Polícia Metropolitana de Londres Reuters/PETER NICHOLLS
Activistas colocaram mais de mil maçãs de plástico podres em frente à sede da Polícia Metropolitana de Londres Reuters/PETER NICHOLLS
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Activistas colocaram mais de mil maçãs de plástico podres em frente à sede da Polícia Metropolitana de Londres Reuters/PETER NICHOLLS

"Isto não é uma maçã podre; isto é um problema sistemático de toda a polícia", disse Ruth Davison, CEO da Refuge. "Como é que estes perpetradores de abuso puderam estar e permanecer em posições de poder por tanto tempo?"

"O que acontecer a seguir deve mudar a cultura da polícia. Uma força que reproduz misoginia violenta não é uma força que pode proteger as mulheres e raparigas."

A Polícia Metropolitana, que enfrentou uma série de escândalos nos últimos anos, revelando uma cultura de corrupção, racismo e misoginia, é a maior força policial da Grã-Bretanha, com mais de 43 mil funcionários e com responsabilidade em áreas como o terrorismo e a extradição.

A Refuge pediu uma mudança "urgente e radical" e uma legislação rápida para melhorar a verificação e os standards de disciplina nas forças policiais, bem como treino obrigatório em temas relacionados com a violência contra mulheres para todos os agentes.

Um porta-voz da Polícia Metropolitana disse estar ciente do protesto de sexta-feira, e que os agentes se tinham comprometido com os manifestantes a facilitar um protesto pacífico. Os manifestantes abandonaram o local às 10h e levaram as maçãs.

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