Pelo menos sete mortos em segundo tiroteio mortífero em apenas três dias na Califórnia

É díficil manter actuais os números de ataques e de vítimas da violência com armas nos Estados Unidos. Na Califórnia, os últimos dias foram de tragédias sucessivas.

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Vigília pelas vítimas de Monterey Park na segunda-feira à noite, já depois do ataque em Half Moon Bay CAROLINE BREHMAN/EPA

O governador da Califórnia, Gavin Newsom, estava no hospital, com vítimas do ataque que causou a morte a onze pessoas num salão de baile em Monterey Park, quando foi chamado à parte, pelos seus assessores, para lhe dizerem que acabara de acontecer um novo “tiroteio com múltiplas vítimas”, falando em “tragédia após tragédia”. Desta vez, um homem terá assassinado a tiro sete trabalhadores agrícolas, na cidade costeira de Half Moon Bay. Já depois da detenção do suspeito, Zhao Chunli, as autoridades respondiam a um terceiro ataque, em Oakland, onde pelo menos uma pessoa foi morta e sete ficaram feridas.

As vítimas do condado de San Mateo, em Half Moon Bay, foram encontradas esta segunda-feira, (madrugada de terça em Portugal) em duas quintas próximas: na quinta Mountain Mushroom, estavam quatro pessoas mortas e um ferido grave, explicou a xerife de San Mateo, Christina Corpus; junto à quinta Rice Tucking-Soil, a polícia deparou-se com mais três mortos.

Zhao Chunli, de 67 anos, detido dentro do seu carro, estacionado diante de uma esquadra, seria colega de trabalho das vítimas de Mountain Mushroom. Dentro da viatura estava a arma usada no ataque.

Half Moon Bay, 50 quilómetros a sul de São Francisco, é uma pequena cidade agrícola de 11 mil pessoas, conhecida pelo cultivo de flores e vegetais, mas também pelos fungos cultivados em estufas nas duas quintas atingidas. San Mateo permite o cultivo de cannabis em algumas zonas – a Quinta Mountain Mushroom produz fungos e cannabis.

“Estamos enojados com a tragédia de hoje em Half Moon Bay. O flagelo das armas atacou-nos tristemente em casa”, afirmou, num comunicado, David Pine, presidente da Junta de Supervisores de San Mateo. “Nem sequer tivemos tempo para chorar os que perdemos no terrível tiroteio de Monterey Park. A violência com armas tem de ser parada. A Califórnia tem das leis mais restritivas dos Estados Unidos, que reforçámos com medidas locais, mas tem de ser feito mais.”

“Há duas horas juntei-me aos meus colegas nas escadas do Capitólio para uma vigília pelas vítimas de Monterey Park”, escreveu, por sua vez, o congressista estatal Marc Berman, no Twitter. “Antes de termos tido tempo de as chorar, há outro tiroteio massivo, desta vez em Half Moon, no meu distrito”, sublinhou, para depois pedir mais determinação no combate contra “a epidemia da violência com armas de fogo”.

É difícil manter a conta aos tiroteios com várias vítimas deste mês, nos Estados Unidos ou mesmo na Califórnia. De acordo com o Gun Violence Archive, que define “tiroteio em massa” como um ataque onde pelo menos quatro pessoas são baleadas, o incidente desta segunda-feira em Half Moon Bay foi o segundo destes tiroteios em apenas três dias na Califórnia. A CNN já relevou um terceiro no mesmo estado, em Oakland, onde uma pessoa foi morta e sete ficaram feridas na segunda-feira à noite.

Mas o primeiro “tiroteio em massa” na Califórnia aconteceu uma semana antes do ataque no salão de baile onde se celebrava o Ano Novo chinês. Foi em Goshen, num tiroteio que deixou seis pessoas mortas, incluindo uma mãe de 17 anos e o seu bebé de seis meses. E entre os dois ataques de segunda-feira na Califórnia, houve um tiroteio que não entra na lista do Gun Violence Archive, com a morte de dois estudantes num centro educativo de Des Moines, capital do Iowa.

Segundo a base de dados mantida pela Associated Press, o jornal USA Today e a Universidade Northeastern, esteve ano já houve três assassínios em massa (com pelo menos quatro mortos sem incluir o atacante) em menos de três semanas, num total de 39 mortos.

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