Dois quadros desaparecidos na Kunsthaus de Zurique
Museu suíço desconhece o paradeiro de duas pequenas pinturas flamengas do século XVII que tinham sido depositadas por um coleccionador privado.
As pinturas Soldados num acampamento, de Robert van den Hoecke, e Narcisos e outras flores numa jarra em vidro sobre uma placa de mármore, de Dirck de Bray, desapareceram da Kunsthaus de Zurique, cujos responsáveis não excluem a possibilidade de que tenham sido roubadas e já pediram à polícia que abrisse uma investigação.
Ambas de pequeno formato e pintadas a óleo sobre madeira de carvalho, as duas obras, que se encontravam emolduradas e envidraçadas, constituíam empréstimos de longa duração de um coleccionador privado suíço que não quis ser identificado.
Esclarecendo que “quase três quartos do acervo de pinturas e esculturas do museu são empréstimos a longo prazo ou doações de particulares”, a directora da Kunsthaus de Zurique, Ann Demeester – citada pelo jornal Neue Zürcher Zeitung –, lembrou que “gerações de coleccionadores” vêm confiando à instituição “os seus tesouros” e que se sente “chocada” por ter de admitir que estas duas obras estão mesmo desaparecidas, apesar de todas as medidas de segurança.
“Além da recuperação das obras, o nosso propósito é tirar as devidas lições deste lamentável incidente”, disse ainda Demeester, que no passado dia 13 apresentou queixa na polícia contra desconhecidos. Ambas as obras estão protegidas por seguros contra roubos.
A pintura Soldados num acampamento, datada de meados do século XVII, mede 18,8 x 24,7cm e valerá, segundo o Neue Zürcher Zeitung, algumas dezenas de milhares de francos suíços, cuja cotação é actualmente idêntica à do euro. O seu autor, Robert van den Hoecke, foi um pintor, gravador e arquitecto de Antuérpia, que se estabeleceu em Bruxelas e trabalhou para o arquiduque Leopoldo Guilherme da Áustria.
Já a natureza morta Narcisos e outras flores, que mede 30,9 x 23,5 cm, está datada de 1673 e poderá valer algumas centenas de milhares de euros. Dirck de Bray era filho e discípulo do arquitecto e pintor Salomon de Bray e ficou conhecido pelas suas pinturas de flores, embora fosse também escultor.
Pensa-se que as duas obras possam ter desaparecido já no Verão passado, quando o museu sofreu um incêndio, que deflagrou na noite de 2 para 3 de Agosto, e foi necessário retirar das paredes e limpar e restaurar mais de 700 telas.