Volume das barragens está nos 85% e só três estão no “vermelho”

Das 77 barragens monitorizadas, 51 apresentam níveis de armazenamento entre os 80 e os 100%. Apenas três barragens se encontram em situação mais crítica no sul do país.

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Alqueva está nos 89% de armazenamento e a cerca de 400 hectómetros cúbicos do enchimento pleno Nuno Ferreira Santos

A precipitação atmosférica que continua a ocorrer desde meados de Dezembro já garantiu uma capacidade de armazenamento nas 77 albufeiras que são monitorizadas pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) de 85%. No dia 23 de Janeiro, a reserva de água nas albufeiras públicas nacionais era de 11.234 hectómetros cúbicos (hm3).

Em relação à semana anterior entraram mais 135 hm3 nas albufeiras nacionais. Neste momento, a situação é oposta à que se observava há pouco mais de um mês. Da escassez que já vaticinava um ano dramático em termos de disponibilidade de recursos hídricos, o país tem, neste momento, uma situação muito mais confortável.

As situações mais problemáticas que se registavam no final do Outono já fazem parte da história. No norte do país e na bacia do Lima, a barragem do Lindoso (97%), está a apenas a 11 hectómetros cúbicos da sua capacidade máxima de enchimento, um cenário que se julgava impossível há algumas semanas. O nível das águas continua a subir e é de prever que nos próximos dias se alcance os 100%, afastando assim o cenário crítico que destacou esta infra-estrura, pelas piores razões, até ao início do mês de Dezembro.

A outra albufeira com problemas da região norte, a do Alto Rabagão instalada na bacia do Cávado, armazena neste momento 71% de água, cada vez mais próxima de atingir também a cota máxima.

Nas 51 barragens instaladas nas bacias do Lima, Cávado, Ave, Douro, Vouga, Mondego, Ribeiras do Oeste e Tejo, 42 armazenam um volume hídrico entre os 80 e 100%, e oito estão entre os 50 e os 80% do pleno enchimento.

A barragem de Fronhas (54%), localizada na bacia do Mondego, e as barragens do Divôr (50%) e Minutos (39%), na bacia do Tejo, são as reservas de águas com os valores mais baixos de todas as bacias já referidas.

No sul do país e nas 27 barragens instaladas nas bacias do Sado, Ribeiras do Alentejo, Mira, Guadiana, Arade e Barlavento e Sotavento Algarvio, apenas nove albufeiras têm reservas de água entre os 80 e os 100%, outras nove entre os 50 e 80% e seis entre os 20 e os 50%.

Três barragens a vermelho

As barragens de Campilhas (12%) e Monte da Rocha (11%) na bacia do Sado e Bravura (13%), no Barlavento Algarvio, são as únicas que a nível nacional se encontram no vermelho, em situação mais crítica.

De entre as bacias hidrográficas do sul do país, a do Guadiana é que apresenta a situação mais favorável com valores de armazenamento equiparados ao norte do país.

Das nove barragens deste sistema, seis apresentam valores entre os 80 e os 100%, com Alqueva a chegar aos 89% de armazenamento e a cerca de 400 hectómetros cúbicos do enchimento pleno, que poderá a alcançar se a precipitação atmosférica de mantiver, assegurando o abastecimento do regadio, consumo humano e indústrias para os próximos três anos.

Na bacia do Mira, e apesar da intensa precipitação atmosférica que tem percorrido o país, as afluências à barragem de Santa Clara, que é fundamental para assegurar a rega das culturas em estufa, instaladas no litoral alentejano, mais concretamente no concelho de Odemira, mantêm-se residuais, deixando em aberto uma situação crítica. É através desta albufeira que se assegura o fornecimento de água ao complexo mineiro de Neves Corvo e o abastecimento público do concelho de Odemira.

Contudo, a elevada precipitação atmosférica registada sobretudo no mês de Dezembro "condicionou fortemente as sementeiras de cereais". O excesso de água "saturou os solos e impediu a entrada das máquinas nos terrenos”, refere o Instituto Nacional de Estatística (INE) nas previsões agrícolas referentes a 31 de Dezembro.

Mas, ao mesmo tempo, as chuvas de Dezembro, associadas às temperaturas amenas, "vieram colmatar plenamente as carências hídricas dos prados, pastagens e culturas forrageiras, que apresentam um bom desenvolvimento vegetativo”, conclui o INE.

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