O Benfica resistiu à pausa, o Casa Pia lidera as surpresas

Com a primeira volta quase completa, os quatro primeiros são os mesmos, por outra ordem. Mas quem tem impressionado mais é uma equipa que já não estava na primeira divisão há 83 anos.

Foto
Roger Schmidt, treinador do Benfica LUSA/JOSE SENA GOULAO

Sabia-se que esta época iria ser diferente das outras. O Mundial do Qatar partiu a temporada em duas (a cerca de um terço) e, um mês depois, tudo poderia ser bem diferente na retoma. Ou não. Com a primeira volta da I Liga portuguesa quase completa (falta disputar um Boavista-Estoril da 14.ª ronda), o Benfica continua líder, mas perdeu a invencibilidade e não está assim tão acima do que fez em 2021-22, e o Sp. Braga está em ritmo de melhor época de sempre, enquanto FC Porto e Sporting estão bastante abaixo daquilo que fizeram no mesmo número de jogos na temporada passada. Entre as 18 equipas, é o Casa Pia que está a rebentar com as expectativas.

Começando por quem vai na frente, o Benfica não cede a posição desde a quarta jornada e só perdeu pontos à oitava ronda (empate sem golos em Guimarães). Depois, só voltou a deixar pontos em cima da mesa no pós-Mundial, com uma derrota diante do Sp. Braga e um empate com o Sporting. Os “encarnados” estão melhor agora (1.º lugar, 44 pontos) do que em 2021-22 (3.º, 40), com o melhor ataque (43 golos marcados), a segunda melhor defesa (12 golos sofridos) e o melhor marcador (Gonçalo Ramos, 12), naquela que é a terceira melhor primeira volta do Benfica em campeonatos com 18 equipas e com a vitória a valer três pontos – melhor, só em 2014-15 (46 pontos) e em 2019-20 (48). E continua em prova, tanto na Taça de Portugal, como na Liga dos Campeões.

A vantagem da equipa de Roger Schmidt para o segundo lugar não é tão grande como poderia ser porque, logo atrás, segue um Sp. Braga que está a bater os seus próprios recordes. A formação orientada por Artur Jorge, que é quase um estreante, é a única que já ganhou ao líder no campeonato (3-0 na 14.ª jornada) e já leva 40 pontos, a sua melhor primeira volta de sempre e por pouco que não é a melhor pontuação em 17 jornadas – em 2009-10, um campeonato com 16 equipas, os minhotos fizeram 42 pontos, eram líderes e estiveram na luta pelo título até ao fim. Em relação à época passada, têm mais oito pontos e estão duas posições acima.

Um ponto atrás de Sp. Braga e ainda bem dentro da luta pelo título está o FC Porto, apesar de ter feito a pior primeira volta da era Sérgio Conceição (desde 2017-18). Em número de pontos (39), é igual a 2019-20, mas os "dragões" estão numa posição abaixo (3.º) e, comparando com a época anterior, são menos oito pontos – em 2021-22, o FC Porto chegou a meio do campeonato sem qualquer derrota e com apenas dois empates (47 pontos); em 2022-23, já leva três empates e duas derrotas (Rio Ave e Benfica). Ainda assim, os “azuis e brancos” chegam a esta fase da época com todos os objectivos intactos: na corrida pelo título, em competição nas duas taças internas e na Liga dos Campeões.

A maior queda em relação à época passada aconteceu ao Sporting, a fazer, de longe, a pior primeira volta com Rúben Amorim ao comando. Em 2021-22, por esta altura, o “leão” seguia em segundo, com 45 pontos, mas as cinco derrotas sofridas em 2022-23 (FC Porto, Desp. Chaves, Boavista, Arouca e Marítimo) deixaram os sportinguistas com apenas 32, a 12 da liderança e com a vida difícil para sequer alcançarem o objectivo mínimo da temporada, a qualificação para a Liga dos Campeões.

Os “gansos” voam

Entre as 18 equipas da I Liga, não haverá nenhuma tão surpreendente como o Casa Pia, que regressou ao futebol de primeira 83 anos depois. Nessa primeira temporada entre os “grandes”, que teve 14 jornadas, os “gansos” somaram uma vitória e 13 derrotas (e desceram de divisão), com 12 golos marcados e 56 sofridos. Em 2022-23, a equipa de Filipe Martins ocupa o quinto lugar, com 27 pontos, a soma de oito vitórias e três empates.

Outro dos grandes saltos em relação à época passada pertence ao Arouca. De uma posição de despromoção no final da primeira volta em 2021-22 (17.º, 14 pontos), a equipa de Armando Evangelista está instalada num tranquilíssimo sexto lugar, com quase o dobro dos pontos (26).

O Arouca é um exemplo recente de que estar em posição de descida a meio do campeonato não é necessariamente uma “sentença de morte”, mas a vida está muito difícil para os três que seguem na cauda, sobretudo para o Paços de Ferreira, em último lugar, com apenas seis pontos e a oito de distância do 16.º classificado, o Santa Clara (14) - é a pior primeira volta dos últimos dez anos de uma equipa da I Liga. Quanto à outra equipa abaixo da linha de água, o Marítimo, também está em situação difícil (13 pontos), mas, apesar de tudo, está em crescendo, tendo em conta que teve uns redondos zero pontos nas oito primeiras jornadas.

Sugerir correcção
Comentar