De onde veio tanto frio e até quando fica?

Anticiclone situado a Noroeste da Península Ibérica transportou massa de ar frio vindo do Norte da Europa. Espera-se pelo menos uma semana de temperaturas baixas.

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Algumas estações meteorológicas do país poderão vir a registar situações de onda de frio Freepik

Esta semana começou com os termómetros lá em baixo e em princípio acabará da mesma forma. Um anticiclone situado a noroeste da Península Ibérica transportou para o território uma massa de ar frio vindo do Norte da Europa; isto resultou numa descida relevante das temperaturas.

Devido à “potência” do anticiclone, que neste momento se encontra estacionário, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) prevê vários dias de tempo frio e seco. “Pelo menos até ao final da semana, é basicamente garantido. Mas [a situação] pode, porventura, durar um pouco mais do que isso”, diz ao PÚBLICO Pedro Sousa, meteorologista do IPMA.

Referindo que neste momento todos os distritos de Portugal continental estão, devido às temperaturas baixas, sob aviso amarelo, o especialista afirma que algumas estações meteorológicas do país poderão, “eventualmente”, vir a registar situações de onda de frio esta semana.

Uma onda de frio ocorre quando a temperatura mínima do ar é inferior em cinco graus Celsius face ao valor médio das mínimas diárias no período de referência (1961-1990).

O primeiro episódio de frio mais marcado

Dito isto, este não será “um evento de frio extremo”. Não deverá produzir temperaturas historicamente baixas. Poderá ter “notoriedade”, “caso se prolongue por muito tempo”, mas não estamos perante um episódio “sem precedentes”, observa Pedro Sousa, que reforça: “Episódios anticiclónicos são perfeitamente comuns nos nossos Invernos.”

A razão pela qual este episódio concreto poderá “surpreender as pessoas” tem que ver com o facto de este tempo e seco estar a vir após “um Outono e início de Inverno chuvosos e mornos”. “Este poderá ser o primeiro episódio de frio mais marcado deste Inverno”, diz.

Pedro Sousa acrescenta que, devido ao aquecimento global, a população começa a “notar mais” os episódios de frio, porque “estão a habituar-se a que se tornem menos comuns”.

“Mas este será um evento que em princípio não será nada de muito extremo”, insiste. “Por causa das alterações climáticas, começa a ser cada vez menos comum haver episódios que batem recordes de frio. Este episódio anticiclónico será de frio eventualmente prolongado, mas não significativamente intenso, tendo em conta a altura do ano em que estamos”, sublinha.

Temperaturas negativas

O frio vai demorar a passar porque o anticiclone está neste momento “numa posição estática”. E “está potente”, o que explica o facto de, nas regiões habitualmente mais frias de Portugal continental, os termómetros estarem presentemente a mostrar valores negativos.

Em Bragança, por exemplo, as mínimas passarão a semana inteira abaixo dos zero graus Celsius, sendo que, segundo o IPMA, o dia mais frio deverá ser esta quarta (quatro graus negativos). Guarda, Leiria, Vila Real e Viseu são os restantes distritos onde as mínimas estarão abaixo dos zero graus (e as máximas não ultrapassarão os dez graus).

O vento “não será muito intenso” — o IPMA prevê vento “fraco a moderado”, que pode “por vezes ser mais forte nas terras altas” (com as rajadas mais fortes a se aproximarem dos 50 quilómetros por hora) —, mas, “sobreposto ao frio, aumenta imenso a sensação de desconforto térmico”, refere Pedro Sousa.

O meteorologista diz que, dada a previsão de “tempo muito seco e céu limpo”, esta deverá ser uma semana de sol. Apenas na quinta-feira é que poderá, eventualmente, haver “alguma precipitação fraca, mais provável nas zonas montanhosas” das regiões Norte e Centro. Caso haja de facto alguma precipitação, esta deverá cair na forma de “neve nas terras altas” — mas a probabilidade de precipitação é “baixa”.

Lidar com o frio

Como lidar com o frio? “Evitar a exposição prolongada ao mesmo e a mudanças bruscas de temperatura” é uma das recomendações feitas pela Direcção-Geral da Saúde (DGS). Manter o corpo quente, vestindo várias camadas de roupa, e proteger as extremidades do corpo, “utilizando luvas, gorro, cachecol, meias quentes e calçado quente e antiderrapante”, também é importante.

A DGS recomenda ainda que a população se mantenha hidratada, consumindo sopas e bebidas quentes — e evitando também a ingestão de bebidas alcoólicas, que proporcionam “uma falsa sensação de calor”.

Pedro Sousa acrescenta que, com a possibilidade de “acumulação de gelo nas estradas, especialmente no interior”, é fundamental adoptar uma condução defensiva.

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