Inverno: 78 pessoas já morreram de frio no Afeganistão, após restrições na ajuda humanitária

O Inverno mais frio dos últimos 15 anos, que viu as temperaturas baixarem até aos 34 graus Celsius negativos, atingiu o Afeganistão no meio de uma grave crise económica.

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Um homem afegão caminha num cemitério coberto de neve em Cabul, Afeganistão, a 11 de Janeiro REUTERS/Ali Khara

Pelo menos 78 pessoas morreram de frio no Afeganistão durante o pior Inverno do país em mais de uma década, confirmaram as autoridades, num balanço divulgado no final da semana passada, adiantando que " as mortes causadas pelo frio foram registadas em oito das 34 províncias do país".

O Inverno mais frio dos últimos 15 anos, que viu as temperaturas baixarem até aos 34 graus Celsius negativos, atingiu o Afeganistão no meio de uma grave crise económica. As baixas temperaturas coincidiram com uma altura em que muitos grupos de ajuda suspenderam parcialmente as operações de apoio à população.

A suspensão do auxílio dura já algumas semanas e está relacionada com uma decisão dos Talibãs que impede a maioria das trabalhadoras de ONG de trabalhar, deixando as agências incapazes de operar muitos programas no país conservador.

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Um homen caminha numa estrada coberta da neve, no vale de Neelum, no Paquistão EPA/AMIRUDDIN MUGHAL

"O tempo vai ficar mais frio nos próximos dias, pelo que é necessário considerar a ajuda humanitária às pessoas afectadas", disse Abdullah Ahmadi, o chefe do centro de operações para as condições de emergência no Ministério de Gestão de Catástrofes.

O Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (UNOCHA) afirmou na semana passada que as restrições impostas às equipas de apoio estavam a dificultar os esforços.

"Os parceiros humanitários estão a fornecer apoio neste Inverno às famílias, incluindo aquecimento, dinheiro para combustível e roupas quentes, mas a distribuição tem sido seriamente afectada pela proibição das trabalhadoras humanitárias de ONG", afirmou.

Mesmo no início do Inverno, os trabalhadores da saúde tinham relatado um aumento acentuado do número de crianças pequenas que sofriam de casos graves de pneumonia e outras doenças respiratórias, em parte devido ao agravamento da pobreza que deixou as pessoas incapazes de aquecer devidamente as suas casas.

Cerca de 77 mil cabeças de gado morreram também nos últimos nove dias, ameaçando aprofundar a insegurança alimentar do país. "Os meios de subsistência e bens perdidos põem ainda mais em perigo as famílias afegãs, numa altura em que 21,2 milhões de pessoas necessitam urgentemente de apoio alimentar e agrícola continuado", disse UNOCHA no Twitter.

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