Netanyahu cumpre ordem judicial “com o coração pesado” e dispensa ministro corrupto

Primeiro-ministro israelita diz que a decisão do Supremo sobre o líder do partido ultra-ortodoxo Shas “ignora a vontade do povo”. Deri garante que a coligação governamental não está em perigo.

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Arye Deri (à esquerda) e Benjamin Netanyahu (à direita) EPA/RONEN ZVULUN / POOL

Depois de alguma especulação, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, dispensou este domingo Arye Deri, do partido ultra-ortodoxo Shas, cumprindo, dessa forma, uma ordem do Supremo Tribunal de Israel que bloqueava a inclusão do ministro da Saúde e do Interior no Governo, por uma condenação por corrupção em 2022.

Prometendo encontrar “todos os meios legais” para o trazer para um cargo público no futuro, e assumindo estar de “coração pesado” com o desfecho, Netanyahu informou Deri de que teria de o demitir, durante uma reunião do Conselho de Ministros.

“O Supremo Tribunal decidiu que tenho a obrigação de o dispensar dos cargos de ministro do Interior e da Saúde”, afirmou o primeiro-ministro, numa carta dirigida a Deri, que, segundo a imprensa israelita, leu em voz alta durante a reunião.

“Esta decisão lamentável ignora a vontade do povo, reflectida na enorme confiança que este deu aos seus representantes e aos seus membros eleitos, no meu Governo, quando era claro para toda a gente que [Deri] iria servir no Governo como ministro sénior”, criticou, citado pelo Jerusalem Post.

O Shas levou recentemente uma proposta de lei ao Parlamento para permitir que um político condenado por corrupção pudesse ser nomeado ministro, se a condenação fosse a uma pena suspensa.

Na sequência das eleições de Novembro, Deri e o Shas foram fundamentais para a formação de um novo Governo liderado por Netanyahu, que também inclui partidos de políticos ultranacionalistas, extremistas, racistas e homofóbicos.

O partido avisou repetidamente que não apoiaria o executivo se Deri não fosse ministro. Nesse sentido, se o Shas – que é o terceiro partido com maior representação, a seguir ao Likud (de Netanyahu) e ao Sionismo Religioso – se retirar da coligação, o Governo cairá.

Arye Deri afiançou, no entanto, que o Shas vai continuar a apoiar o Governo. Em tom de desafio, disse que fez um “compromisso férreo com as 400 mil pessoas que votaram” nele e no partido e que “nenhuma decisão judicial o vai impedir de as servir e de as representar”.

“Pretendo continuar, com todas as minhas forças, a contribuir para a população e para a coligação; pretendo continuar a liderar o movimento Shas; continuar a participar nas reuniões dos líderes dos partidos da coligação; e avançar com as importantes medidas para as quais este Governo foi escolhido: reforçar e fortificar a governação, manter o carácter judaico do Estado de Israel e prestar assistências às populações mais fracas”, elencou, citado pelo Jerusalem Post.

A Reuters cita um aliado de Deri que informa que as pastas do Interior e da Saúde vão ser entregues a outros membros do partido Shas.

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