Moedas vai criar um departamento anticorrupção quando já tem um pelouro com essa função?

Carlos Moedas já fez vários anúncios em torno da luta anticorrupção. Esta semana foi mais uma dessas ocasiões

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Carlos Moedas criou um departamento anticorrupção no início do mandato Nuno Ferreira Santos

A frase:

"[Carlos Moedas] vai criar um suposto gabinete anticorrupção quando já tinha atribuído um pelouro com essas funções"

Excerto de um comunicado do grupo de vereadores do PS na Câmara de Lisboa

O contexto

A declaração surgiu na sequência de declarações do presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, depois de ter sido noticiado que a Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ fez buscas nas instalações da autarquia na terça-feira.

Carlos Moedas confirmou que estas tinham como alvo processos de "mandatos anteriores" e aproveitou a ocasião para anunciar a criação de um "departamento anticorrupção", que será proposto ainda este mês. A proposta, que visa a "criação do Departamento de Transparência e Combate à Corrupção", está agendada para a reunião do executivo do próximo dia 25 de Janeiro. Para os vereadores do PS, trata-se de uma "operação de cosmética".

Os factos

Não é a primeira vez, na verdade, que Carlos Moedas fala da criação deste departamento de combate à corrupção, que zele ainda pela transparência do município. Anunciou-o, aliás, há quase um ano, mais precisamente em Março passado, quando decorria menos de meio ano após a sua tomada de posse.

Numa conferência sobre corrupção, na qual se falou também de contratação pública, o autarca revelou a intenção de criar um departamento municipal que trate estes temas “dia e noite” para combater um problema que “mina” a sociedade, as suas instituições e é “um entrave ao desenvolvimento económico”.

Nessa altura, foi ainda anunciado que o município pretendia criar um canal de denúncias para a “comunicação de situações de incumprimento dos princípios e valores éticos ou de situações ilegais na actividade municipal”. Este canal, que se chama +Transparente, acabou por ser disponibilizado no passado mês de Dezembro e pode ser utilizado por todos os que trabalham no município e nas empresas municipais, assim como qualquer pessoa que tenha informação sobre eventuais ilegalidades que quer ver investigadas. Para tal, é necessário o preenchimento de um formulário disponível no site da autarquia.

No entanto, já no início do mandato – e até em campanha –, Moedas assumiu que o combate à corrupção seria uma “prioridade”, defendendo uma maior “transparência” sobretudo no sector do urbanismo lisboeta — que tem sido alvo de várias investigações ao longo dos anos. Por isso, criou um pelouro da Transparência e Combate à Corrupção (segundo a designação que consta em Boletim Municipal), que atribuiu à própria vereadora do Urbanismo, Joana Castro Almeida.

Em resumo

A declaração que consta do comunicado do PS-Lisboa é, portanto, verdadeira, uma vez que a vereadora Joana Almeida tem esse pelouro juntamente com o do Urbanismo.

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