Governo cria centro de formação em competências “verdes”

Novo centro instalado em Vila Nova de Santo André tem como prioridade pessoas em risco de perder o emprego por causa da transição energética.

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Programa está aberto a todos os desempregados inscritos no IEFP Rita Franca

Os trabalhadores em risco de desemprego pelo fecho de empresas centradas na indústria de combustíveis fósseis, ou aqueles que tenham de ser reconvertidos sob pena de perderem o lugar devido à introdução de energias renováveis nos processos produtivos das suas empresas, estão entre os destinatários prioritários dos programas do futuro Cte Centro de Formação para a Transição Energética.

O protocolo para a criação do centro foi formalmente assinado esta sexta-feira, 20 de Janeiro, em Vila Nova de Santo André (concelho de Santiago do Cacém), onde ficará instalado, para dar cumprimento ao recém-criado programa de formação profissional na área da energia Trabalhos & Competências Verdes/Green Skills & Jobs.

O novo centro de competências “verdes” do Alentejo litoral, situado a cerca de 20 minutos de Sines, resulta de uma iniciativa do Governo, por intermédio do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), a quem caberá liderar o projecto, e em parceria com a Adene – Agência para a Energia e a Associação de Energias Renováveis (Apren).

Com esta plataforma formativa, o Governo espera prevenir situações de desemprego e melhorar as hipóteses de reinserção profissional de pessoas afectadas por encerramentos relacionados com a transição energética, como o da central termoeléctrica de Sines (EDP) e da refinaria de Matosinhos (Galp).

“Incrementar as competências e contribuir para a melhoria das qualificações na área da energia, como factor de desenvolvimento profissional dos trabalhadores e de melhoria da empregabilidade dos desempregados” ou prevenção do risco de desemprego e promoção da “manutenção dos postos de trabalho nas empresas e outras entidades empregadoras directa e indirectamente afectadas pelo aumento dos custos da energia”, são alguns dos objectivos do programa, enumerados na Portaria n.º 21/2023, de 6 de Janeiro.

Para isso, o IEFP contará com o apoio da Adene, mas também da Apren, que, num comunicado divulgado esta sexta-feira, afirmou que “as energias renováveis trazem muitas oportunidades de investimento e de criação de emprego, associadas ao cumprimento das metas em matéria de transição energética e de acção climática, mas exigem, ao mesmo tempo, a capacitação técnica, profissional e tecnológica das pessoas que trabalham nestes domínios”.

A associação presidida por Pedro Amaral Jorge entende que o Centro de Formação para a Transição Energética irá “contribuir para uma transformação que aporte muito valor acrescentado ao país, gerando uma potencial valorização salarial”.

O programa, aberto a todos os desempregados, com idade igual ou superior a 18 anos, inscritos no IEFP, terá como ponto de partida uma “identificação das necessidades de competências e formação em função do conhecimento técnico especializado e da capacidade de mobilização das entidades do sector”.

Será responsabilidade da Adene e da Apren, “em articulação com a Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional [ANQEP]”, fazer esse diagnóstico para que se criem e actualizem “percursos de formação de curta e média duração a integrar no Catálogo Nacional de Qualificações (CNQ)” enquanto durar o programa.

Bolsa mensal para desempregados

Nos termos da Portaria n.º 21/2023, a participação no programa garantirá aos formandos desempregados o direito a uma bolsa de formação mensal num montante máximo extraordinário equivalente a “uma Remuneração Mínima Mensal Garantida (RMMG), quando se trate de formando com o nível cinco de qualificação do QNQ [Quadro Nacional de Qualificações] ou superior”.

Nas restantes situações, a bolsa de formação (acumulável com os demais apoios sociais) corresponderá a 85% da RMMG (este ano actualizada para 760 euros).

As empresas que “acolham formandos desempregados no âmbito da formação em contexto de trabalho suportam os custos inerentes à sua realização”.

Aquelas que adiram ao programa para formação dos seus trabalhadores têm direito a um apoio extraordinário, suportado pelo IEFP, equivalente a 50% do indexante dos apoios sociais (IAS, que este ano é de 480,43 euros), por trabalhador abrangido, independentemente do número de acções de formação frequentadas.

Os percursos e as acções de formação terão “uma duração mínima de 25 horas e máxima de 350 horas”, mas, como até 50% do projecto de formação pode ser desenvolvido através de percursos e acções de formação à medida, a estes não será aplicado o limite mínimo horário.

Presencialmente ou à distância, os inscritos que concluam as suas formações receberão um certificado de qualificações quando se trate de percursos de curta e média duração que integram o CNQ, ou um certificado de formação profissional, quando se trate de percursos ou acções de formação à medida.

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